Gustavo Matos de Castro
Estudante do Curso Técnico de Mecânica
Fundação Liberato
Para me defender do que externo
Ergui muros e grades
Achei que era um castelo
Até que eu perdi as chaves
De rei a bobo da corte
Perdi o meu norte
Envolto em um fosso sem ponte
Condenei-me a viver até a morte
Criei minha própria prisão
Me isolei de tudo
Por isso quando me estendes a mão
Meu grito é mudo
Até a chegada dos canhões
Que destroem meu bastião
O som ecoa feito se fosse trovões
Os destroços caem no chão
Tanto tempo que não via sol
O som me paralisa
Adentra o local que fede a formol
Mas se esvai graças à brisa
Escondo-me no porão
Tão pálido e magro
Falo que o esforço é em vão
Solidão é meu fardo
Me levam assim mesmo sem demora
Me carregando com calma
Aviso dos perigos do lado de fora
Que ferem e causam trauma
Não escutam meu alerta
Passamos pelos projéteis de chumbo
Vejo o rio que me cerca
E ele nem era tão fundo
Atravessando o fosso
Nadando pelas águas
A água nem chega até o pescoço
Só me afoguei mesmo em mágoas
Ganho uns anos a mais
Eu não sou mais tão frio
Me cerco de amigos leais
Não de muros ou rios
Me encontro mais feliz e são
Mesmo com falhas
Presentearam-me com um canhão
Destruirei outras muralhas