Emoções

 

“E aí, Libas ano que vem, então?” Cada vez que seu irmão lhe fazia essa pergunta, sua expressão mudava completamente. De uma expressão tranquila e alegre a uma de extrema dúvida e aflição. “Não sei” era a resposta dele. Sua expressão era explicada pela quantidade absurda de pensamentos que vinham à sua cabeça, pois parte dele queria demais ir para a Liberato fazer Técnico em Eletrônica e se formar um profissional bom e competente, porém, por ironia do destino, parte dele tinha medo de ir, medo que ele tinha de ser um fracasso, perder amigos atuais e acabar rodando e incapaz de se formar.

Várias noites sem dormir, ele se pegava pensando no futuro. Não conseguia imaginar uma profissão para si que não tivesse a ver com computadores, softwares, tecnologia e todo esse tipo de assunto, o que lhe trazia o pensamento de que a Liberato era o melhor colégio do mundo para lhe preparar para a vida. Mas junto desse pensamento, vinha outro que era o contrário, que iria separá-lo de seus amigos e de seu grande amor, e esse conjunto de emoções contrárias o deixava louco e absurdamente confuso.

“E aí, Libas ano que vem, então?” Aquela vontade incontrolável de dizer “SIM, com toda certeza!” era devastada pela de “NÃO, não quero mudar minha vida!”, e tudo o que saía era um “Não sei.”.

O tempo passou, coisas aconteceram, opiniões lhe foram ditas. Mas a resposta dele, aquele “Não sei.” frio e seco, continuava ali, intacta, se não fosse pela pressão que lhe era imposta. Aquele “Não sei.” foi lenta e calmamente moldado para um “É, acho que sim.” por influência da família. Claro, com três primos formados e um irmão no último ano, não havia como ser diferente.

E então veio a notícia. Era 13 de dezembro, a alegria dele de estar na última semana de aulas e a emoção de estar tão próximo do Natal, seus pensamentos calmos e tran…

 TRIM…TRIM…TRIM…” “ALÔ, PEDRO! TU PASSOU PRA LIBER…”

nada depois disso foi processado. Sua calma e tranquilidade se converteram em pânico, pânico resultado do choque de emoções instantâneas que recebera. Sua mente lutava para decidir se pulava de alegria ou se morria de aflição, aflição de ir para um mundo novo, com pessoas novas e, em parte, até língua nova.

Sua resposta: “Não pode ser verdade.”. Seu cérebro não conseguia entender, era uma força lutando dentro dele que ele quase deli…

TRIM…TRIM…TRIM…” “ALÔ, FILHOTE! MAIS UM NA FAMÍLIA! QUE ORGULHO, HEIN! A MÃE NÃO PODE FALAR MUITO AGORA, TÔ TRABALHANDO, MAS PARABÉNS, VIU? TE AMO, TCHAU, TCHAU!”

e desligou.

Era real, estava acontecendo e estava decidido. Era isso. Agora era só pôr os pensamentos positivos de lado e pular de alegria. Difícil…Tão difícil que isso só veio a acontecer 3, 4 meses depois.

Hoje, Pedro não tem mais dúvidas. Hoje, Pedro sabe que seus medos eram tolos. Hoje, Pedro é feliz. Hoje, Pedro é Liberato.

Pedro Henrique Acorsi

Pedro Henrique Acorsi Aluno do Curso Técnico de Eletrônica Fundação Liberato

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