Raul Ellwanger

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Para você, o que significa a música?

Ela é, não significa. É algo material que toca nossa alma, nossos sentidos e nossa razão. É coisa pacas! No meu íntimo, é um desfrute estético, um prazer não descritível, tão bom quanto namorar, mergulhar no mar, ler Machado de Assis, sei lá quanta coisa.

A música ao longo dos tempos cumpriu diferentes papéis. Por exemplo, na Grécia Clássica, serviu de inspiração para a educação do povo grego. Durante a Ditadura Militar, cumpriu um papel de denúncia social da realidade. Hoje, parece que a música já não desempenha o mesmo papel, ela se ocupa quase que exclusivamente com o entretenimento. Você concorda que o papel da música seja o entretenimento? A música deveria cumprir outro papel nos dias de hoje?

Disse acima que ela é coisa paca; assim, serve também a muitas coisas, desde ninar um bebê até incitar a tomada da Bastilha. Cada época dá à musica seu caráter e função, cada um fará a música que quiser e escutará a que quiser. Hoje em dia, o totalitarismo da mídia vendedora de produtos musicais forjados impede essa liberdade de escolha. A juventude é vitimada pelas 3 majors, com suas madonas, mingionas e mujonas.

Há uma percepção generalizada de que a música de oposição ao Regime Militar sofreu censura durante aquele período. Por outro lado, é notório em filmes e documentários sobre a ditadura que a música também serviu para consolidar o poder ideológico do regime. Como você percebe essa dualidade?

É normal essa dualidade. Observo que as canções democráticas têm mais vigência hoje, enquanto os “jinglistas” assalariados são pouco ouvidos, e puxa-sacos tipo Roberto Carlos seguem flutuando com sua água-com-açúcar.

Às vésperas do Golpe Militar, o Brasil vivia um momento de grande efervescência política, com manifestações muito grandes nas ruas, passeatas e protestos eram a tônica. No ano que passou, as ruas novamente foram tomadas por manifestantes, na maioria jovens. É possível estabelecer alguma comparação entre momentos aparentemente tão distintos?

Não sei. Em 64 e 68, claramente o povo na rua pedia reformas de base e o fim da ditadura, respectivamente. Em 2013, não vi um programa definido. Acho excelente que todo mundo participe, mas sabendo de que lado da rua está, sabendo que ideais orientam sua participação. Convocações anônimas via WEB e grupos mascarados sem endereço nem programa são coisa perigosa.

 

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