Comissão de Avaliação de Estágio – CAE do Curso de Eletrotécnica Trajetórias e Expectativas

A Eletrotécnica foi se transfigurando ao longo das últimas décadas. A começar pelo público que ingressa no curso, antes essencialmente masculino, hoje um curso misto. A grade curricular também mudou, à medida que o corpo docente foi observando as necessidades do seu público e do mercado. Mesmo que os princípios da energia elétrica possam continuar os mesmos, é necessária a atualização tecnológica que envolve tanto o crescimento da demanda como o do consumo, respeitando as questões socioambientais e as econômicas, desde aquelas que dizem respeito ao micro e ao macro (como por exemplo, do residencial ao industrial). Ao contrário das expectativas, as mudanças não estão ocorrendo de maneira gradual, as soluções precisam vir para o “agora”. Desse modo, o Curso Técnico de Eletrotécnica conscientiza o aluno para o uso racional da energia, ajuda-o a pensar sobre a adequação dos equipamentos para a segurança, sobre a possibilidade de favorecer a eficiência energética na empresa, desenvolve testes junto com ele para verificar se os equipamentos continuam seguros, se podem ser ainda mais seguros e com um conceito mais contemporâneo, a partir de uma concepção criada com a participação do aluno, em projetos que visem melhorar o que já existe em conceito de energia, instalação e manutenção preventiva e corretiva, até de automação industrial, por exemplo. A Eletrotécnica, junto com os estudantes, em sala de aula e no estágio, procura observar a evolução tecnológica e, ainda, prevendo com docentes e discentes, as questões de sustentabilidade. Já no estágio, são estabelecidas reflexões com o aluno sobre teoria e prática, envolvendo o campo de atuação em seu local de trabalho.

Os alunos têm quatro anos de curso que contemplam aulas teóricas e práticas que envolvem o Ensino Médio Integrado ao Conhecimento Técnico em Eletrotécnica. Além disso, realizam pesquisas, projetos, fazem visitas técnicas em empresas até chegar ao Estágio Supervisionado. Tudo isso, sob a ótica dos princípios éticos e humanos que norteiam a educação na Liberato. Ao chegar no período do estágio, o aluno tem ainda mais um desafio: a escolha da empresa para a realização da experiência, ter o perfil desejado pela mesma e ainda se adaptar às atividades que ali deverá desenvolver, com a equipe e com o local de trabalho. Para alinhar todos esses aspectos, o estagiário é acompanhado de perto em sua experiência, tanto pela SUPE (Supervisão de Estágio) e CAE da escola, como pelo profissional que é o seu supervisor na empresa.

As jovens eletrotécnicas, em específico, esperam mostrar seu potencial. Muitas delas querem “arregaçar as mangas” e atuar na área de manutenção ou de instalação. Porém muitas empresas pensam na delicadeza das estudantes e preferem encaminhá-las aos setores de planejamento ou de venda. A garota que quer mesmo “pôr a mão na massa”, precisa fazer uma pesquisa antes de ingressar na empresa, para não ficar frustrada depois de estar atuando na mesma. Por outro lado, já têm alunos e alunas que preferem os trabalhos que são ligados ao planejamento, que envolvam os projetos e não a sua execução. A característica do estagiário precisa ficar clara para ele e para a empresa. Sabendo disso, muitas empresas de médio e grande porte, além de fazer processo seletivo para funcionários que já são formados, fazem o mesmo para os estagiários, pois alguns deles poderão continuar a atuar nas mesmas, após concluir sua formação. Há uma seleção feita por essas em que as aptidões do estagiário podem ser percebidas na dinâmica que envolve o processo seletivo.

Depois de “escolher” e ser “escolhido” pela empresa e estar adaptado à nova rotina, é hora de apresentar seus resultados, pelo menos os parciais. O aluno “apresenta o seu cotidiano no trabalho”, já com linguagem técnica, mesmo que de forma sintética. Nesses primeiros relatos, descreve o que está produzindo na empresa e é orientado quanto à organização, à pertinência e à extensão do que deve constar nas suas descrições. Caso tenha poucas oportunidades de atuar em atividades específicas de um futuro eletrotécnico, há uma comunicação com a empresa para que possa ter uma possível adequação em suas funções. Ou, ainda, caso o estagiário não estiver adaptado, é sugerida a troca de empresa, para que possa vivenciar com qualidade a etapa de culminância de sua formação técnica, que é a prática de seus conhecimentos técnicos.

Após vários encontros de orientação e formação com a Equipe da Área Técnica e de contato com a Professora de Língua Portuguesa da CAE do Curso de Eletrotécnica, com as quais o aluno vai construindo e organizando o seu relatório, na linguagem e com a formatação adequada, sem deixar de transparecer a riqueza da experiência representada, começa o relatório a “ganhar corpo”. Aos poucos, os elos vão se encaixando, e o estagiário que antes considerava difícil produzir o seu relato de experiência, agora consegue ver, principalmente no capítulo destinado às considerações finais, toda uma trajetória, desde que ingressou na escola como aluno, como foi adentrar no mercado de trabalho como técnico e, agora, fazer suas reflexões sobre os rumos que sua vida profissional e acadêmica irão seguir.

Ao refletir sobre a CAE, a impressão que se tem é que tudo parece funcionar de maneira sincronizada. Só que não é bem assim que a vida acontece. Alunos têm dificuldades, alguns não se planejam adequadamente para as datas, outros precisam ser relembrados das nomenclaturas de valores e símbolos próprios da linguagem técnica. Também têm aqueles que “romanceiam” a experiência, esquecendo o lado prático do cotidiano da área de eletrotécnica. Há estagiários que são o oposto, seus textos são escritos como manual técnico e a riqueza da experiência vivida passa longe, pois esquecem o sujeito que realizou as ações. Nessas questões fundamentais, a equipe da CAE, em encontros face a face, ou mesmo por e-mail, sinaliza, compara, questiona e faz com que o aluno possa perceber o que ele, até então, não tinha conseguido transpor para o papel.

Nessa perspectiva, um atendimento, conciliando a Equipe Técnica e a Língua Portuguesa para “arrematar” as questões de linguagem e formatação tem favorecido significativamente a melhora da apresentação dos relatórios finais dos alunos. Mas, acima de tudo: o aluno que, ao longo da sua experiência de estágio, vai refletindo sobre ela, melhora significativamente não só na apresentação, que é a escrita do relatório final, como vivencia essa experiência de maneira mais intensa. Há um olhar para si e para fora de si, uma visão mais realista sobre o mercado de trabalho, de maneira que, continuar sendo técnico, escolher uma faculdade na área ou enveredar para as humanas, torna-se uma escolha muito mais natural. O estágio, ao que parece, ganha maior significado e ajuda o aluno a pensar em seus objetivos de vida, faz com que reflita sobre a formação técnica que obteve e suas ambições, ressaltada por valores éticos necessários para ser reconhecido no mercado de trabalho. E, mais uma vez, o aluno se dá conta de que ter passado pela Liberato não foi em vão, independente do rumo que pensa seguir daqui para frente.

Como possibilidade de ampliar o trabalho com os alunos e antecipar o contato com as diferentes experiências de estágios, o grupo da CAE da Eletrotécnica está iniciando, com a ajuda de alunos já formados e formandos, uma biblioteca virtual de relatórios, para que as turmas de 4ª séries possam ter acesso às experiências daqueles que já passaram por ela. Para aquele que irá estagiar, a Comissão de Avaliação de Estágio de Eletrotécnica acredita que essa ação é mais um incentivo para o estudante que irá estagiar a fim de que possa refletir sobre suas escolhas. Outro ponto fundamental é a observação da estrutura formal dos textos, para que os estudantes possam ter maior facilidade no momento da elaboração do seu relatório, quando chegar o momento. Por fim, ao conhecer os relatos, e até, se for o caso, entrar em contato com os colegas de curso que já passaram pela experiência, os alunos poderão ter uma ideia do que os aguarda no trabalho. Até mesmo, pensar sobre os ramos das empresas e o desprendimento necessário no exercício das possíveis atividades que um curso como o de Eletrotécnica oferece, para um profissional no mercado.

Equipe da CAE – Eletrotécnica da Fundação Liberato
Elmar Corrêa de Souza – Área Técnica
Júlio César Volmann Machado – Área Técnica
Marco Aurélio Weschenfelder – Coordenador
Maria Emília Lubian – Professora de Língua Portuguesa
Pedro Antônio Rohr – Área Técnica

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