A exposição “Surdos Que Ouvem e Impressionam” nasceu com o objetivo de mostrar que a surdez não pode limitar as pessoas, e que o uso de dispositivos tecnológicos para reabilitação auditiva não ofuscam a beleza de quem os utiliza. Antigamente, quase não existiam recursos tecnológicos que auxiliassem no combate a surdez, e os que existiam eram ineficazes ou de difícil aquisição. Diante deste cenário, surgiu o mito de que a pessoa surda é incapaz de ter uma vida normal e conviver satisfatoriamente em sociedade.
Hoje dispomos de diversas ferramentas para promoção da reabilitação auditiva, e, com isso, emerge um grupo de grande representatividade chamado “Surdos Oralizados”, ou seja, pessoas diagnosticadas com algum grau de surdez, mas que conseguem se comunicar verbalmente e ouvir através do uso de ferramentas como aparelhos auditivos ou implantes cocleares, por exemplo.
Atualmente, a comunidade Surdos que ouvem, idealizada e administrada pela Paula Pfeifer e sua equipe no facebook, compila uma grande quantidade de informações, dicas e relatos sobre surdez, além de facilitar a criação de novos círculos de amizade. E foi pensando neste espírito de comunidade e motivado pelo desejo de ajudar mais pessoas que surgiu a proposta para realização da exposição.
Nela encontramos crianças, adolescentes, adultos, idosos, homens, mulheres, desde estudantes até profissionais com formação acadêmica, mostrando que ninguém está imune à surdez e que é possível, sim, conviver com esta deficiência e ainda desfrutar de toda a sonoridade que o mundo ao redor nos oferece. As imagens mostram os hobbies e atividades que realmente são praticados pelos modelos, que decidiram transpor os obstáculos da surdez em prol de uma vida intensa e sonora.
Relato pessoal sobre o projeto, publicado na página Crônicas da Surdez, no Facebook:
Antes de conhecer o projeto “Surdos Que Ouvem”, me sentia socialmente deslocado, pois não conhecia nenhum outro surdo da minha faixa etária. Achava que era o único usuário de aparelho auditivo no Rio Grande do Sul inteiro.
Este sentimento de isolamento inclusive me fez optar por um modelo intracanal na época em que adquiri meu primeiro par de aparelhos. Já que eu era o único, não queria que as pessoas percebessem, porém, mal sabia eu que ficar pedindo pras pessoas repetirem o que falaram chamava muito mais atenção que um aparelho atrás da orelha… Eu era novato no grupo quando conheci a iniciativa Inovadores SQO.
Pensei em colaborar utilizando uma ferramenta que gosto muito: a fotografia. Queria capturar, através de minhas lentes , a essência de cada uma das pessoas que participaram e provar, através de cada retrato, que a surdez não nos limita e que o uso de dispositivos tecnológicos para reabilitação auditiva não ofusca a beleza de quem os utiliza.
Cada uma das 10 pessoas que fotografei possui um relato singular de enfrentamento da surdez, e ter a oportunidade de contar estas histórias foi uma grande alegria pra mim, algo que sempre levarei em meu coração.
Participar do desafio me fez ver que posso ir além, que tenho mais competências do que eu mesmo imaginava e que, mesmo com pequenos gestos, podemos trazer um pouco mais de alegria para a vida das pessoas e ajudar a tornar o mundo um lugar melhor.
Alexsandro Machado