O lançamento da 29ª edição da revista Expressão Digital ocorre em um momento trágico para a sociedade sul-rio-grandense. Os alertas sobre a situação planetária de emergência climática, negada por tantas pessoas e por tanto tempo, confirmam-se a partir da catástrofe ambiental que atingiu todo o Rio Grande do Sul. Não há mais como negar essa triste realidade.
Os textos desta edição não retratam o impacto da atual situação que enfrentamos, uma vez que o período de submissão para a publicação desses textos encerrou antes da ocorrência dessa calamidade. Desde o primeiro dia de maio, a rotina da Fundação Liberato foi interrompida. Nesse período, a escola acolheu pessoas desabrigadas pelas inundações em Novo Hamburgo, em um gesto humanitário que envolveu abnegados voluntários da comunidade escolar. A publicação da Expressão Digital ocorre exatamente no período de retomada das atividades de ensino, o qual será repleto de desafios. Essa publicação também representa uma forma de resistência, um pequeno movimento entre tantos outros que comprovam e comprovarão que seguiremos em frente, pois a vida requererá coragem, trabalho e união. A escola é um espaço coletivo em que esses requisitos se encontram e se mobilizam.
Esta edição também traz mudanças na Expressão Digital, com um novo editor, renovação de parte da comissão editorial e, também, a partir da gestão de uma nova direção escolar. Permanece o compromisso para que nossa revista institucional e cultural continue a promover o reconhecimento das ações e dos talentos de integrantes de nossa comunidade de ensino.
Em relação aos textos desta edição, a seção “Opinião” apresenta dois artigos com temas importantes e interessantes: o professor José Edimar de Souza propõe uma discussão necessária sobre a Educação das Relações Étnico-raciais (ERER); o estudante Nícolas Ferreira analisa como a Filosofia estoica pode auxiliar em tempos de desesperança e ausência de propósitos (talvez, em função de tudo o que aconteceu neste mês de maio, vivamos tempos assim). Ainda nessa seção, são apresentados três relatos sobre ações e experiências pedagógicas desenvolvidas na Fundação Liberato: os professores Elenilto Saldanha Damasceno e Liane Filomena Müller, atuais coordenadores do Liberarte, apresentam as mudanças desse evento em constante movimento; o professor Vilson Joselito Schütz apresenta as “Reflexões filosóficas”, uma de suas experiências de prática pedagógica; a professora Maria Emilia Lubian, coordenadora do Grupo Voluntários de Mídias (GVM), traz à luz as ações do projeto “Resgate histórico da Fundação Liberato”, desenvolvido com estudantes de turmas de primeira série e também com participantes do GVM.
Na seção “Espaço literário”, podem ser apreciados ótimos textos. “Filho do peito”, do estudante Francisco Emannuel Sória Andrade, e “Metamorfose”, do estudante Samuel de Vasconcellos Pereira, são dois contos com estilos totalmente diferentes e similares em qualidade. O professor Luiz Carlos Azambuja Silveira, em nova crônica sobre as histórias de professor, emociona ao dizer o que não é dito; as crônicas “Na noite”, “Um mercado vital” e “Três velhos irmãos”, dos estudantes Bruna Lânnig Figueredo, Leonardo de Souza Prestes e Lucas Ocanha Hansen, retratam bem dois aspectos essenciais do gênero: uma perspectiva bastante pessoal e a passagem do tempo como matéria de reflexão. A poesia também está representada a partir da sensibilidade dos estudantes Lana Roberta da Costa, Bento Antônio de Oliveira e Beatriz da Silva Ribeiro e seus poemas “Ida e volta”, “Pobre Corazón” e “Praia”.
Para completar, a seção “Imagens” apresenta uma bela seleção de trabalhos artísticos produzidos por talentosas e talentosos estudantes, alunas e alunos do professor Luiz Silveira em algumas de suas turmas, no ano passado (2023). Também nessa seção, estão disponíveis registros fotográficos do projeto “Resgate histórico da Fundação Liberato”, anteriormente mencionado, desenvolvido pela professora Maria Emilia Lubian e pelo Grupo Voluntários de Mídias.
Desejo a todas e todos uma boa leitura! Também desejo força, coragem e esperança para o recomeço!
Elenilto Saldanha Damasceno – Editor
Fundação Liberato