O filme Daens – Um grito de justiça (1992), dirigido por Stijn Coninx, é um drama baseado em fatos reais que denuncia as condições desumanas enfrentadas pelos operários das fábricas têxteis na Bélgica, no final do século XIX.
A obra acompanha o padre Adolf Daens (Jan Decleir) em sua luta contra a exploração dos trabalhadores na cidade de Aalst, durante a Revolução Industrial. Ao chegar à cidade, ele se depara com um cenário de miséria, onde mulheres e crianças são forçadas a jornadas exaustivas de até 14 horas diárias em condições insalubres e por salários miseráveis. Qualquer tentativa de mudança é duramente reprimida.
O filme destaca não apenas a figura heroica de Daens, mas também o impacto da exploração sobre as famílias operárias. A história de Nette (Antje de Boeck) e seu irmão Jef evidencia essa realidade, ao mostrar o sofrimento da classe trabalhadora. Sem direitos, Nette enfrenta abusos físicos e psicológicos no ambiente de trabalho, enquanto Daens tenta mobilizar a sociedade contra esse sistema opressor.
A ambientação do filme é extremamente realista, com cenários sombrios e uma fotografia que enfatiza a dureza da vida nas fábricas. O roteiro equilibra bem drama e contexto político, evita soluções simplistas e retrata os sacrifícios necessários para avanços sociais.
Além da denúncia do capitalismo selvagem da época, Daens provoca reflexões atemporais sobre exploração trabalhista, desigualdade social e o poder das grandes corporações sobre a política. O desfecho é coerente com a realidade histórica e reforça a importância da resistência.
Jan Decleir entrega uma atuação poderosa e dá ao protagonista uma mistura de determinação e vulnerabilidade. O elenco de apoio também se destaca e traz realismo à narrativa.
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1993, Daens – Um grito de justiça é uma obra essencial para quem valoriza histórias de resistência e justiça social.
Amanda Meyrien Rodrigues da Silveira
Turma 9131
Fundação Liberato