Uma breve visão da Publicidade na Paris dos Trópicos

Durante muitos anos, desde o descobrimento do Brasil, qualquer material gráfico que circulasse no país era impresso na Europa e passava por rígida vistoria antes de chegar à colônia. Isso reduzia, e muito, a variedade de livros e jornais a entrarem no território brasileiro.

A situação só se modificou com a chegada da família Real que, fugindo de Napoleão Bonaparte, instaura sua corte no Rio de Janeiro, em 1808, trazendo para o país uma rápida evolução, incluindo a criação da imprensa brasileira.

Mais de quarenta anos após a criação do primeiro jornal nacional, um jornal é lançado no Amazonas, o “5 de setembro”, cujo nome homenageava a data em que o Estado é declarado separado da Província do Grão-Pará, tornando-se a Província do Amazonas e tendo como capital, depois de diversas mudanças nominais, a cidade de Manaós.

É possível perceber, através das lembranças sustentadas nos prédios, que ainda se mantêm de pé, no Centro de Manaus o quanto a cidade foi glamorosa. A cidade, que empresta seu nome da tribo cruelmente dizimada pelos colonizadores, foi imensuravelmente rica ao fim do século XIX, e quase todos os seus grandes monumentos históricos e turísticos foram erguidos em um espaço de tempo de no máximo trinta anos.

Em 1900, a capital apresentava rede de bondes, largas ruas e avenidas, lojas requintadas, moda à francesa, noites animadas e em nada parecia a cidade que havia sido na década de 50, uma cidade desestruturada, rodeada pela mata e sem nenhuma sombra de modernidade.

A mudança revolucionária na realidade urbana da cidade veio com a prosperidade da borracha. A administração da cidade usou de todos os recursos disponíveis para transformar a pobre Manaus em uma verdadeira metrópole, digna de moradores de qualquer lugar do mundo, limpa, moderna e elegante.

Belle Époque é o nome dado às duas últimas décadas do século XIX e início do século XX, um período de grande prosperidade econômica, principalmente devido ao crescimento industrial das principais capitais europeias.

No Brasil, esse período foi financiado pelo café e pela borracha, cada um em sua respectiva região, é claro. Período em que as diferenças sociais tiveram um impacto tão grande que incentivaram as segregações que ainda se instauram na realidade brasileira.

Os anúncios dessa época, em geral, seguiam os mesmos padrões de layout dos europeus, assim como o resto dos jornais, as revistas, a moda e hábitos comportamentais.

Como toda sociedade prezava pela beleza e elegância, os comerciantes acompanhavam as tendências europeias e procuravam desenvolver anúncios atraentes e elegantes que lhes dessem vantagens contra a concorrência.

Tudo era válido, anúncios com desenhos, letras garrafais, promoções, textos exagerados, fotografias. Aos poucos, as páginas que lembravam os atuais classificados se remoldavam, e os anúncios ganhavam detalhes mais sofisticados, mais preocupados em informar e cativar ao mesmo tempo.

Manaus seguiu Paris em tudo que foi possível, desde as construções urbanas até a prioritária elegância na elaboração de anúncios. A preocupação com a beleza, comum na capital parisiense, circulava pelos trópicos e moldou uma cidade preparada para receber qualquer um, desde que não fossem seus próprios caboclos.

 

Eliana Pinheiro Aluna do Curso de Tecnologia em Produção Publicitária,  Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Eliana Pinheiro
Aluna do Curso de Tecnologia em Produção Publicitária,
Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

 

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