Levaram-me alguns anos, bons livros e apaixonados professores até que eu comecei, de fato, a observar e questionar a origem e o propósito real por trás dos objetos, sistemas, comportamentos e demais fenômenos que me rodeavam. Foi somente no segundo ano do ensino médio, que me dei conta de que por trás de tudo há uma ciência—uma pesquisa. Foi nesse mesmo ano que comecei meu projeto de pesquisa, no berço da minha educação, o Colégio Bialik.
Observei, li, imaginei, escrevi, experimentei, descobri. E acabei descobrindo muito mais do que apenas a assertividade ou não da minha hipótese. Descobri que poucas, pouquíssimas coisas dentre tudo o que eu fazia, me entusiasmavam tanto quanto fazer meu projeto; tanto quanto chegar à resposta de uma pergunta não respondida e, às vezes, nem sequer, antes perguntada; tanto quanto pensar de que maneira minha pesquisa pode ajudar as pessoas a viverem e a serem melhores.
Nem sempre é tão poético. Por vezes, foi um tanto conturbado lidar com essa junção de pesquisar e, ao mesmo tempo, aprender a pesquisar. Problemas? Mil deles. Mas, conservando uma saudável desconsideração pelos desconfortos e resistências que encontrei no caminho, a pesquisa, pouco a pouco, cresceu: ganhou peso, força e voz. Trabalhando duro no projeto e na forma de comunicá-lo – escrevê-lo, apresentá-lo, debatê-lo -, conquistei a participação em uma das maiores feiras de ciência nacionais, a MOSTRATEC.
A MOSTRATEC, por sua vez, me premiou com uma vaga na maior feira de ciências pré-universitária do mundo, a Intel International Science and Engenieering Fair (ISEF), que acontece anualmente a mais de 60 anos nos Estados Unidos.
Na minha participação na Intel ISEF 2009, críticas ao meu projeto vieram em massa. Construtivas—sem dúvida—, mas também bastante severas. Não pude controlar as lagrimas que vierem após meu primeiro jurado. Minha tradutora trocou de posto para consoladora.
Quando voltei da feira, escrevi todas as críticas no meu diário de bordo. O que fiz com elas? Decidi dar continuação ao meu projeto. Mais um inspirado e insone período de leituras nos ônibus, diário na cabeceira, madrugadas de trabalho. Após mais um ano de trabalho árduo, conquistei mais uma participação na Intel ISEF.
Na Intel ISEF 2010, as coisas aconteceram um pouco diferente. A não ser pelo fato de que eu também chorei bastante – só que, dessa vez, no palco, quando fui premiada. Conquistei não somente o primeiro lugar na categoria de Ciências Sociais e Comportamentais, com também uma bolsa de estudos na faculdade norte-americana Illinois Institute of Technology.
De todos os ensinamentos que eu coletei de um ano para outro, nenhum foi mais significativo do que esse: seja apaixonado pelo seu trabalho. Essa paixão reflete-se em cada palavra do relatório, centímetro do banner, rabisco do diário e, sobretudo, olhar na apresentação. Paixão pela pesquisa realizada não somente é o que há de mais expressivo em uma apresentação, como também é o combustível elementar da perseverança que nos impulsiona em cada segundo de trabalho. Olhando pra trás, descobri ainda que não é apenas a grande diferença, mas, em si, a grande beleza e riqueza da jornada.
Atualmente, moro nos Estados Unidos onde estou prestes a começar o meu terceiro ano de faculdade no curso de Engenharia Biomedica do Illinois Institute of Technology. Acerca de um ano trabalho como assistente de pesquisa do Dr. David Mogul, cujo laboratorio investiga diferentes tipos de patologia cerebral através da analise da atividade cerebral de ratos. Após a minha graduação, planejo ingressar em um curso de doutorado em Neurociencia e Imagiologia Médica.
“Não é na ciência que está a felicidade, mas na aquisição da ciência”. (Edgar Allan Poe)