Mazembaço

goleira

Cheguei grandão e eu sabia que tinha todas as condições para conseguir meu objetivo. E qual era esse objetivo? Aquela loira, baixinha, olhos azuis, cobiçada pelos quatro cantos do mundo e eu estava ali, me encaminhando para tê-la nos meus braços, e como eu disse, tinha todas as condições possíveis, melhor falando, era só chegar e pegar, não precisava fazer muito esforço.

Ela era espetacular, tudo que alguém pode querer e tudo que eu mais queria, poderia inclusive atravessar um deserto de camelo só para tê-la. Já a descrevi, mas que se dane, descrevo novamente porque vocês têm que imaginar como é montado aquele quebra-cabeça de pura beleza com seus olhos azuis, seus cabelos dourados, sua estatura baixa, seu corpo de menina que demonstra uma delicadeza e uma pureza de deixar qualquer homem com a cabeça fundida, e o pior de tudo é que ela demonstrava total interesse em mim, o que eu poderia fazer? A minha vontade era enorme e ela estava ali me querendo também.

Mas é óbvio que, quando se tem alguma coisa tão perfeita a sua frente, você não é o único a se sentir atraído e nem o único a querer tudo para você, é uma carniça cheia de urubus, de todas as espécies e de todas as tribos, inclusive uns amigáveis e uns charas.

E o pior de tudo, eu disse a todos que eu iria ficar com ela. Falei para toda a família e para todos os amigos, até quem me vê lendo jornal na fila do pão me ouviu dizer que eu iria ficar com ela, porque na minha cabeça era isso que iria acontecer sem sombra de dúvidas. Sem saber disso, acabei acumulando um grande fardo nas costas com essa minha certeza.

Estávamos eu e ela (e mais metade da torcida do Flamengo) juntos, sim, estávamos em uma festa e era o GRAN momento, o ápice da nossa história estava chegando, o orgasmo, o gol, conseguia imaginar o Galvão Bueno narrando aquele momento: “Ele vai pra cima, ele se manda… e amanhã tem a turma do Didi, uma hora da tarde… e ele continua, ele não desiste, olhou pra ela, encarou os olhos azuis, falou dos shows que foi no ano, chamou pra dançar, abraçou, encostou o rosto no rosto e ta lá, ta lá, ta lá, ta lá… gooooooooooooool.’ Estava tudo pronto mas eu estava vacilante, entrei meio frio, meio confiante demais e sem pressa para definir o jogo. Eis que me levanto e vou em sua direção, ela me olhou com aqueles olhos azuis e numa fração de segundos um outro cara chegou antes, puxou pelo braço e tascou um beijo de 3 minutos e meio. Caíram os butiás do bolso e a confiança caiu tipo o Grêmio de 2003. Da próxima vez deixo o salto alto em casa e vou de All Star.

Felipe Lopes Mota Curso Técnico de Eletrotécnica da Fundação Liberato

Felipe Lopes Motta
Aluno do Curso Técnico de Eletrotécnica da Fundação Liberato

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