EGOÍSMO

Enquanto muitos a almejam, muitos a temem. Para alguns, ela é como o voo de um pássaro recém-nascido que alcança as alturas após arriscar a própria sorte. Para outros, ela é apenas uma ilusão, como se todo o sangue historicamente derramado por ela pudesse ser deliberadamente ignorado. Minha causa é a superestimada liberdade, com todo o seu tom clichê, sua defasagem e sensacionalismo. Sou capaz de defendê-la com unhas e dentes e ainda assim reconhecer a mediocridade dentro dela.

Apesar do que muitos podem pensar, a liberdade não é nobre, ela é egoísta. Ninguém jamais a idealizou pensando unicamente no bem coletivo. Ela não é nada além de um pretexto, de uma palavra bonita para justificar nossas escolhas mais individuais. É justamente a ambição que torna a liberdade tão atraente aos olhos do mundo, a ponto de mover multidões e fazer com que vivam e morram por ela.

Existem vários tipos de liberdade assim como existem vários tipos de prisões, mas, em suma, todas elas resumem-se em independência, e a independência é sedutora. Ela nos dá o direito de agir sem temor, de expressar nossos ideais sem que a morte esteja entre uma das consequências, de queimar as pontes que outrora levaram a caminhos ruins e entrar no labirinto do Minotauro sem carretel ou linha, afinal, mesmo que nos percamos lá dentro, jamais desejaremos voltar para o que era antes. A liberdade é a recompensa e o sacrifício; portanto, aquele que é imolado sabe que sempre poderá encontrá-la refugiada em seu próprio egoísmo.

Rafaela Laurentino

Rafaela Laurentino – Aluna do Curso Técnico de Eletrotécnica Fundação Liberato

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