Crônica – Depois do Fim

Depois do fim

Meu Deus! Já estou estagiando! Há algumas semanas, começaram as aulas na Liberato, e só precisou a van não passar mais aqui em casa às 6:30 para que a ficha caísse: já se passaram quatro anos! Poxa vida! Parece que fiz a prova de seleção antes de ontem. Parece que 2012, o meu ano de “bixo”, foi ontem. Realmente, na vida tudo é muito rápido. Inclusive o tempo como aluno.

Sempre pensei que eu fosse passar uma eternidade na Liberato, já que, de começo, o pessoal logo se apavora: “nossa, são 4 anos! Vou demorar um ano a mais para me formar no Ensino Médio (Isso se não rodar…)” ! Eu também pensava assim. Mas não passei. Tá certo que tem dias e noites (em especial as que antecedem as provas, trabalhos e apresentações dos trabalhos de conclusão) que parecem não ter fim, mas nada que apavore muito. Quando se vê, já está na semana da MOSTRATEC, e logo depois vem dezembro e… O ano acabou! E assim vai… Acaba o primeiro ano, acaba o segundo, acaba o terceiro (e nesse você já está louco para que chegue o quarto ano e acabe tudo de uma vez) e, enfim, acaba o quarto. Nesse último, a pressão é gigante: trabalho para tudo quanto é lado, práticas infindáveis, horários livres nos laboratórios, caderno de campo, plano de pesquisa, relatórios… Ai! Passamos trabalho! Mas também, apesar de tudo, passa muito rápido. E chega o fim. O fim de uma etapa que parecia tão distante há alguns anos atrás… O fim com que, por sinal, não estou acostumado. Nunca consegui me acostumar muito bem com os finais. Eles sempre me deixam nervoso, ansioso e com uma sensação um tanto quanto chata dentro de mim. No final de 2015, não foi diferente. Já na última semana, o nervosismo começava a tomar conta: “É sério que tá acabando?” “Bah, passou muito rápido!”, ou “Vou sentir falta disso tudo” era o que mais ouvia entre os meus amigos e colegas. E acabou mesmo. O que parecia não chegar nunca chegou tão rápido: o fim. Meu grupo de amigos se despediu de uma forma muito especial: passamos a última semana toda juntos, fizemos piquenique, conversamos e “brincamos” por todas as tardes, tentando mudar o imutável: o temido fim.  Ainda tô tentando me acostumar com o fim dessa etapa. Sim! Ainda não me acostumei direito. Agora minha rotina é completamente diferente: acordo no mesmo horário, mas não espero mais a van passar aqui, vou para a parada pegar o ônibus (que, por sinal, vem lotado). Logo depois, encaro o trem em seu horário de pico, pra ajudar, chegando ao destino, nada de caneta, caderno e professor. Agora são ferramentas, equipamentos e um chefe para supervisionar.

Enfim, tudo mudou. Os anos de Liberato foram essenciais na minha vida. Sempre digo que a Liberato é muito mais que uma escola. Foi lá que conheci o voluntariado (que descobri que é uma paixão que estava adormecida), foi lá que aprendi a estudar de verdade, foi lá que aprendi a me relacionar com pessoas completamente diferentes de mim em relação a tudo: classe socioeconômica, perfil, comportamento, opiniões, mentalidade. Lá aprendi muito mais que um curso técnico. O melhor da Liberato é justamente isto: ela não forma apenas técnicos, forma cidadãos com a capacidade de opinar, refletir, debater, ajudar. Forma pessoas responsáveis que pensam muito além do futuro. E é por isso que sou eternamente grato a essa grande escola.

Sei que você, aluno, que está lendo este texto agora, deve estar pensando: “Li tudo isso pra ele falar no final que a Liberato muda as pessoas e blá blá blá?”. Sim! Mas escrevo tudo isso porque, olhando para trás, vejo o quanto valeu a pena não ter desistido nas horas mais difíceis. Vejo o quão importante é toda a formação que a Liberato me concedeu, vejo o quanto mudei (pra melhor) desde que lá entrei. Só quero encerrar dizendo que, por várias vezes, pensei em sair da escola, talvez por não querer seguir eletrônica, por “estar de saco cheio”, por n fatores. Mas sempre digo e vou continuar dizendo: Se você cogitar deixar a escola, pense MUITO bem. Você sairá de lá um técnico, mas, muito mais que isso, sairá um cidadão completamente diferente do que se vê no mundo aí fora. Sem dizer que a alegria, ao olhar pra trás e ver o quão difícil foi, e você poder dizer “EU CONSEGUI!”, não tem preço.

Fabio Andrei Kuckert Rodrigues Estudante do curso de Eletrônica Fundação Liberato

Fabio Andrei Kuckert Rodrigues
Estudante do curso de Eletrônica
Fundação Liberato

One Comment

on “Crônica – Depois do Fim
One Comment on “Crônica – Depois do Fim

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *