carpinteiro

Carpinteiro é o que percebo ser o meu ofício.
Não do Universo, pois não sou Raulzito.
Um carpinteiro de palavras.
Papéis, anotações, diagramas, esquemas, rascunhos, notas de rodapé, anotações de campo. Eis a madeira bruta a ser trabalhada, desbastada, lixada e polida. É preciso observar, compreender o que se tem…
Entre as peças disponíveis, como estabelecer aquelas que podem dar sustentação ao que se quer elaborar? É necessário considerar o formato, o peso, as dimensões… as combinações necessárias para o alinhamento e a firmeza.
Separar, classificar.
Quais partes formarão a base, quais estarão aptas a formar a coluna?
Dimensionar. Cortar. Lixar. Medir. Analisar. Não basta ser útil, é necessário ser atraente.
Aparas, tiras, farpas, fagulhas. É o encaixe minucioso das pequenas peças que suportam as maiores obras.
Os papéis espalhados, abertos pelas mesas os livros. E a sabedoria? Um desejo que farfalha ao vento desta madrugada.
Sinto o cheiro, aquele cheiro único da madeira aquecida pelo corte. Cavacos e pó por todo o lado. Não basta transmitir, é preciso convencer.
Os primeiros raios de sol me encontram desperto, mãos espalmadas a sentir a textura e o aroma sutil da composição.
O belo sem verniz, o polimento fino e paciente.
Mãos calejadas, olhos vermelhos.
Sorriso.

André Viegas Professor do Curso Técnico de Química Fundação Liberato

André Viegas
Professor do Curso Técnico de Química
Fundação Liberato

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