Artigo de Opinião: O exorcismo pelo voto

Com 137.750 habitantes, segundo o IBGE (2014), Sapucaia do Sul possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,726 e está em 1.123º no ranking de municípios nacionais com maior IDH, segundo dados extraídos do censo demográfico (2013). Como muitas outras cidades da região metropolitana e como muitos municípios pelo Brasil, é apenas mais um lugar que sofre com o descaso de seus políticos. Ao chegar ao centro da cidade, notam-se lixos, cachorros de rua, mendigos e uma extrema quantidade de poluição, tanto visual quanto sonora. O mais interessante é que tal característica não é peculiar apenas a Sapucaia, e, sim, a tantas outras cidades também, e esse descaso não é apenas no centro, mas, sim, um descaso geral, além de termos uma fama indesejada de “ladrões” pela região metropolitana. Mas, afinal, somente nossos “queridos” políticos têm tal culpa?

Para analisar essa questão, busco fundamentação no pensamento do sociólogo Durkheim que, em um de seus ensinamentos, compara a sociedade com um organismo e, assim como ele, o cérebro continua se formando e evoluindo, mesmo depois dos outros órgãos já terem sido formados completamente. Assim Durkheim avalia o Estado: sendo o governo o cérebro, e o povo os outros órgãos. Nesse raciocínio, ele tenta demonstrar que o governo é formado por tal sociedade e o governo repetirá o que tal povo é.

Especificamente em relação a nossa sociedade, o também sociólogo Jessé de Souza comenta em seu livro “A tolice da inteligência brasileira” que, em nosso país, foi implantado pela elite – os 10% da população brasileira que retêm cerca de 70% de nosso PIB – um tipo de “desencantamento” social perante a política e os políticos. Essa elite, dentre muitas formas, mas, principalmente, pela mídia – formada por empresas que transmitirão o que for pago para transmitir, ou seja, o que mais dê lucro –, evidencia, com letras garrafais, a corrupção do Estado para, assim, “demonizar o Estado” e fazer com que a população não acredite nele, e esconde a corrupção maior, que está no mercado, cujos donos são esses “esfomeados” e “endinheirados” da elite que não distribuem, de forma mais igual, o lucro provindo do PIB que nosso país possui.

“Demonizam o Estado” para fazer com que as pessoas não acreditem na política e votem em qualquer um, votem em branco, votem no melhor amigo, ou no conhecido que pediu voto, mesmo sem saber os ideais do candidato. “Demonizando o Estado”, influenciam a população a não pensar sobre política, não ter os seus ideais, inviabilizando a única forma que temos de poder mudar nosso quadro social. Porém, no momento em que a sociedade dê o devido valor ao seu voto, resolva votar consciente, procure saber, cobre e vá atrás de quem votou, melhorará Sapucaia do Sul, o Rio Grande do Sul e o nosso país, pois o Estado e o voto são os nossos únicos meios e poderes para transformar o lugar onde vivemos.

Este texto foi vencedor da etapa escolar e da etapa municipal da
“Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2016”.

Cassiano Olavo Campos Vargas Aluno do Curso Técnico de Mecânica – 3323 Fundação Liberato

Cassiano Olavo Campos Vargas
Aluno do Curso Técnico de Mecânica – 3323
Fundação Liberato

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