artigo: A dança das pinturas ou o absurdo da mordaça

A dança das pinturas ou o absurdo da mordaça

A Assembleia do Rio Grande do Sul é o órgão máximo de representação dos gaúchos. Essa é a Casa dos debates da cidadania. Por vezes, ela é indevidamente fechada aos cidadãos deste estado, mas não deveria ser assim. Muitas vezes, os deputados não representam os gaúchos, mas foram votados por eles e, ao contrário do Governador, que foi eleito por uma maioria de momento, os deputados representam a maioria e a minoria, as diversas correntes de pensamento.

Portanto, o Legislativo é peça essencial de um regime democrático, sem ele não há debate, não há pluralidade, não há espaço para o cidadão comum.

Pois bem, nesse Legislativo há um Presidente, que é trocado a cada ano para que as quatro maiores bancadas tenham uma vez um Presidente, nos quatro anos de duração do mandato do deputado estadual. Essa é uma particularidade muito democrática do Parlamento gaúcho, que tem que ser comemorada.

Esse Presidente tem uma sala de recepção muito ampla, em que recebe os convidados. Nessa sala, há dois grandes quadros: um do Silveira Martins e outro do Getúlio Vargas. Gaspar de Silveira Martins era monarquista e maragato, lutou dentro de uma perspectiva tradicional e coronelística. Getúlio Vargas também foi um “coronel”, mas vinculado ao Positivismo industrialista gaúcho de Júlio de Castilhos e, mais tarde, adotou uma postura nacionalista e trabalhista, sendo defensor da CLT, de vários direitos trabalhistas e responsável pelo maior aumento do salário mínimo da história do Brasil: 100%!

Que diferenças! Um elitista monarquista e um nacionalista trabalhista!

Pois os quadros andam se mexendo…

Quando a Deputada Covatti, do PP, assumiu a Presidência da Assembleia, em 2016, colocou o quadro do Silveira Martins no lugar do quadro de Getúlio, atrás do sofá principal onde se tiram as fotos oficiais. Lembremos que o PP é de direita, o antigo partido do governo durante a Ditadura, que era antigetulista.

Quando o Deputado Edgar Pretto, do PT, por sua vez, assumiu a Presidência, trocou os quadros de novo (!), deixando o do Getúlio no espaço principal, o das fotos oficiais.

Ora, se até os quadros da parede e a decoração de uma sala são políticos e parciais, como o Van Hattem pode pretender que a educação seja imparcial e nula com o seu projeto de “escola sem partido” que amordaça os educadores? Séria e científica sim, (!), propagandística ou imparcial, jamais!

Daniel Vieira Sebastiani Professor de História Fundação Liberato

Daniel Vieira Sebastiani
Professor de História
Fundação Liberato

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