SUGESTÃO DE FILMES

Capitão Fantástico

Em algum momento de suas vidas, o casal Ben e Leslie resolveram viver no interior remoto de uma floresta no noroeste dos Estados Unidos. Isolados da “sociedade de consumo”, criam seus seis filhos seguindo seus próprios ideais, tais como: conexão à natureza, intensa atividade física, educação intelectual, arte, justiça, fraternidade. A família constitui sua “microssociedade”, que consideram o seu “pequeno paraíso”.
Após o agravamento da saúde de Leslie e seus desdobramentos, já no início do filme, Ben e os filhos se veem obrigados a retomar o contato com primos, tios e avós, e viajam à cidade. Se estabelecem conflitos e disputas entre, de um lado, os valores e concepções de um modo de vida “alternativo”, e de outro, as atitudes, costumes, e valores “predominantes” na sociedade urbana contemporânea. Ambos são colocados em xeque, sem maniqueísmo, proporcionando boas reflexões ao espectador. Educação escolar, educação doméstica, conhecimentos relevantes, convivência, sustentabilidade, vínculos com a natureza, comportamento, consumo, hábitos alimentares, paternidade, religiosidade, entre outros, são alguns dos temas, que se descortinam à medida que a trama se desenrola.
Um drama incisivo, sensível e com um toque de bom humor e leveza. Uma boa dose de crueza. Crueza relativa ao que é cru, sem ocultamentos, sem maquiagem.

Título original: Captain Fantastic, EUA, 2016, 1h58min.
Direção: Matt Ross, Pixar-Disney.
Gênero: drama/comédia
Prêmios: melhor direção, Festival de Cannes; melhor filme, Festival de Seattle.

 

 

Divertida Mente

Você já se perguntou: o que se passa na cabeça de uma pessoa? O que faz uma pessoa ser quem que ela é? O título original Inside out (de dentro para fora, ou, do avesso) revela, com mais propriedade, do que se trata o filme. Com base em conceitos da neurociência e da psicologia, os diretores e roteiristas criaram um conjunto de cenários e desafios que representam metaforicamente alguns dos elementos e processos que compõem o nosso “mundo interno”, nossa subjetividade.
As cinco emoções básicas: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo, são os principais pequeninos personagens que estão na cabeça da menina Riley. As emoções estão na “sala de comando”, operando o “painel” que controla as ações da menina. Elas são todas importantes e trabalham para nosso bem-estar, cada uma de acordo com suas características específicas. Em Riley, ora operam como uma equipe afinada, ora entram em conflitos e disputas entre si.
Riley tem 11 anos, vive com os pais em Minnesota, tem amigos legais, ama o esporte (hockey no gelo), a maioria de suas memórias é alegre até aquele momento. Tudo vai muito bem. “O que mais poderia acontecer?” É a pergunta feita por ela mesma. Mudança! A vida muda o tempo todo. Mesmo quando está tudo bem e desejamos que nada mude. Mudança, literalmente. Os pais de Riley decidem ir morar em outra cidade, a família vai para São Francisco, impondo a necessidade de muitas adaptações: separação dos amigos, nova casa, nova escola, nova rotina… As coisas não ocorrem conforme as expectativas de Riley. Os desafios cotidianos e próprios da idade, ou do momento de mudança, se transformam em “crise emocional”, ou “crise de crescimento”, que se instala, cresce, atinge seu ápice, e se resolve, com final feliz, é claro! O espectador acompanha Riley, desde um ponto de vista privilegiado: de dentro para fora (inside out).
Em suas aventuras para recuperar o equilíbrio, as emoções percorrem os diversificados e coloridos cenários internos, entre outros: o depósito de memórias, as ilhas de personalidade, o trem do pensamento, a central de produção de sonhos, o reino da abstração.
Divertida Mente é um filme de animação, com os tradicionais elementos de aventura, drama e diversão garantida, que encantam “crianças” de todas as idades. Mas para além disto, também pode ser considerado quase como um filme educativo, pois com suas metáforas muito criativas, mostra alguns dos mecanismos do nosso funcionamento mental, em todo seu dinamismo e instabilidade. Estados de “equilíbrio emocional” e “desequilíbrio emocional” são construídos, mantidos, desmontados, reconstruídos, sem cessar. Destaque para o tratamento e o papel que geralmente atribuímos à tristeza, comparativamente à alegria, na resolução de nossos conflitos emocionais.
Divirta-se com a Mente de Riley! Na desafiadora jornada de suas cinco emoções. Mas tenha um lencinho de papel a mão, caso as lágrimas brotem, pois, a final, desconhecemos muitos dos recantos escondidos, protegidos e guardados dentro de nós. Alguns deles, sem querer, podem ser tocados pelo filme.

Título original: Inside Out, EUA, 2015, 1h42min.
Direção: Pete Docter, Pixar-Disney.
Gênero: animação/aventura/comédia

 

Daniel Santos
Fundação Liberato

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