Entra, mas não repara a bagunça, isso é resultado de todas as pessoas que também foram convidadas a ficar.
Logo ali fica a claraboia, pode observar a lua, as estrelas e, perceba, elas não são nada comparadas a nós. Opa, eu esqueci de avisar, cuidado com os cacos-de-mim aí no chão. Não, eles não vão te machucar, eu vou me esforçar para que isso não aconteça, mas eles já marcaram o piso, cuidado.
Parece que tudo virou de cabeça para baixo tão rápido… aí então você bateu à porta, e eu não pude arrumar nada, mas apesar de todas as coisas fora do lugar, fica. Talvez porque o nosso abraço consiga consertar os nossos pedacinhos quebrados, ou então porque a minha bagunça te tire da rotina melancólica cotidiana. Fica porque a minha voz te agrada ou porque gosta de me ouvir gargalhar. Fica porque, talvez, você queira ficar. Fica porque toda vez que nos beijamos é como se houvesse uma orquestra inteira tocando, seguindo os nossos movimentos. Mais devagar, mais calmo ou com mais força. Fica porque talvez, e apenas talvez, você me ame. E então, não é sacrifício ficar. Fica só pra um café, ou pra vida toda. Entra, repara a bagunça e me desarruma um pouco mais.
Faz das minhas paredes, telas. Pinta o nosso futuro. Desenha em um papel os teus maiores medos (não conto pra ninguém), mas não joga fora, não amassa. Deixa as tuas inseguranças se misturarem às minhas. Se mistura nas minhas cores.
Toma um café antes de esfriar (o corpo). Chora um pouco. Lava a alma. Me arruma ou junte-se à minha bagunça pelo tempo que julgar necessário. Toma um café, ou um banho. Se afoga em mim.
Natália Santos
Aluna do Curso Técnico de Mecânica
Fundação Liberato
Primeiro lugar
Categoria crônica
Liberarte 2017