A trajetória na carreira científica pode começar cedo ou tarde; depende do contexto, das oportunidades e do esclarecimento a respeito de ciência que o pesquisador tem. Pode ter início na etapa pré-universitária ou durante a graduação. Enquanto estudante do Curso de Técnico de Química, da Fundação Liberato, tive a oportunidade de conhecer diversas áreas de conhecimento e me interessar especificamente por uma delas: microbiologia/biotecnologia. Como todo estudante precisa de suporte e embasamento para suas divagações misturadas com criatividade, procurei a professora Carla Kereski Ruschel para ser a orientadora do projeto intitulado: “Biorremediação: Utilização do fungo Aspergillus niger no tratamento de efluentes”. O objetivo era apresentar uma solução para remoção de corantes de efluentes oriundos de curtumes da região, até então, um problema com solução inviável. Os resultados do primeiro ano de pesquisa, em parceria com o colega Lucas Hansen, foram ótimos: mostramos a interação do fungo com os corantes e comprovamos a possibilidade de remover esses compostos de forma inovadora e rentável. No primeiro ano, foi conquistado o primeiro lugar geral na Mostratec, credenciamento para intel ISEF, bolsa de estudo na UCS, e dois anos de curso de idiomas no YÁZIGI. Na segunda etapa, conduzi a pesquisa individualmente e foquei na aplicabilidade do processo. Foi desenvolvido um sistema de filtração, utilizando o fungo A. niger como membrana filtrante. Também descobri que o sistema removia outros compostos, como alguns metais pesados.
Amostra de efluente coureiro antes e depois de passar pelo sistema de filtração.
No segundo ano de pesquisa, participei da MOSTRATEC, conquistei o primeiro lugar da área, credenciamento para a Intel ISEF, prêmio destaque da Assembleia do Estado do Rio Grande do Sul e dois anos de curso de idiomas no YÁZIGI. Posteriormente, participei da Intel ISEF, aprofundei a pesquisa e o resultado foi o prêmio de primeiro lugar da Google, prêmio do Massachusetts Institute of Technology, segundo lugar na área de ciências biológicas e prêmio do The Lemelson Foundation Award – Inventors and Innovators. No mesmo ano, participei da EUCYS, e o resultado foi o primeiro lugar na categoria de países não europeus, além de muitos contatos e trocas de conhecimento com pessoas da mesma área de pesquisa e áreas paralelas.
O impacto da pesquisa na minha vida foi ímpar, me motivou juntamente com outros cinco ex-participantes de feiras de ciência a fundar a ABRIC (Associação Brasileira de Incentivo à Ciência) cuja missão é “Desenvolver e fortalecer o relacionamento da população com as ciências por meio da disseminação da filosofia científica, visando ao desenvolvimento social, econômico e tecnológico do Brasil”. Resumindo, queremos guiar jovens interessados em pesquisa, a trabalhar em projetos e contribuir com a sociedade com seus resultados.
Sou muito grato à MOSTRATEC e à Fundação Liberato pelo suporte e apoio que me deram na trajetória em pesquisa.