Nãs, escritores, e eu ouso me incluir nesse conjunto, temos grandes poderes e grandes responsabilidades. Poderes, sim, porque a simples habilidade de escrever já é um grande mérito que nos diferencia, ainda mais quando a usamos. Grandes poderes, sim, porque conseguimos a extraordinária façanha de transformar letras, meros símbolos frios e abstratos que alguém criou há muitos séculos, em movimento, em vida, em emoção, que compõem milhares de histórias: crônicas, poesias, novelas…
Responsabilidades temos também, porque há uma opinião para agradar, seja a pública ou a de uma única pessoa em particular. Não que seja culpa de quem nos lê. A culpa é nossa, que queremos premiar essas pessoas que nos agraciam com o seu tempo e sua mente, lendo as ideias que escrevemos. Ainda mais quando gostam e nos elogiam. É por isso que temos que agradá-los.
Mas se ilude quem pensa que tudo que é escrito tem essa função. Essa é a função das grandes obras, que são a minoria do repertório do escritor. A maioria dele são textos, simples textos escritos pelo simples prazer de escrevê-los e, muitas vezes, usados como válvula de escape da vida limitada e monótona que vivemos. São desabafos, mágoas, alegrias e partes da nossa vida que não conseguimos explicar de outra maneira, a não ser essa.
Por isso, todo escritor é um super-herói, porque, além de ter um poder, ele ama o que faz. E nem toda a responsabilidade que esse poder lhe traz o enfraquece, pois ela não vem quando é esperado algo de você, e isso mostra que você já foi reconhecido.