Malabaristas na Liberato?

Malabaristas no circo, malabaristas na praça, malabaristas na festa – de criança ou de gente grande – malabaristas nas ruas e, por que não, malabaristas na escola? Segundo Lewbel apud Mansur et al (2007), malabarismo é a capacidade de manter um ou mais objetos (malabares) no ar simultaneamente, através de arremessos e recepções. Segundo o Dicionário crítico etimológico de J. Corominas, o termo “malabares” designa jogos assim chamados pela habilidade que os habitantes da região da costa de Malabar (região do sudoeste da Índia) manipulavam determinados objetos. Mas, antes mesmo de se denominar desta forma, o malabarismo já era praticado, sendo que sua representação mais antiga, encontra-se no Egito, na décima quinta tumba de Beni Hassan, príncipe do Império Médio entre 1994 e 1781 a.C., onde há objetos decorados com imagens de figuras malabarísticas, demonstrando a destreza de mulheres egípcias utilizando-se de várias bolas. Em diferentes culturas, muitos xamãs ou indivíduos relacionados aos rituais religiosos utilizavam-se dessa prática para atrair e convencer os demais de seus poderes sobrenaturais. Um fascínio que ainda hoje é explorado através do malabarismo. (Comes apud Duprat; Bortoleto, 2007).

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Da mesma forma como ocorreu com atividades, como o esporte, a pintura e a dança, segundo Duprat e Bortoleto (2007, p 175) “o circo deixou de ser uma atividade unicamente profissional (corpo espetáculo – um meio de trabalho). Atualmente, observamos muitas pessoas praticando as atividades circenses como forma de lazer-recreação, com fins educativos e sociais”,  porque, além de serem desenvolvidas isoladamente, podem ser subsídio para espetáculos teatrais e de dança.

Com esta intenção, de proporcionar uma opção de lazer e desenvolvimento de novas habilidades, trouxemos o malabarismo para escola! Ocorre desde agosto deste ano uma oficina de malabarismo na Fundação Liberato, a qual iniciou – ainda como experiência- na Semana do Meio Ambiente, em junho, a fim de os alunos terem o primeiro contato com os materiais e experimentarem os movimentos, inicialmente difíceis, de malabarismo com arcos, bolas, clavas, diabolo e swings. Posterior a isso, quem participou, continuou treinando durante as aulas de Educação Física aqueles movimentos, que, com o passar de alguns dias, já não eram mais tão difíceis. Em seguida, a oficina iniciou-se oficialmente e começou a se inserir num contexto mais teatral, a execução do malabarismo. Dennison, apud Mansur et al (2007), sugere que exercícios que usam ambos os lados do corpo ao mesmo tempo, estimulam os dois hemisférios do cérebro, enriquecendo o processo de aprendizagem motora. Esses exercícios fazem com que o praticante desenvolva sua capacidade de reação e raciocínio de forma eficaz e segura.

De acordo com Bortoleto e Machado, citados por Duprat e Bortoleto (2007), a escola, na figura da Educação Física deveria proporcionar aos alunos além das vivências esportivas, de lutas, de danças e ginásticas, também a de atividades circenses como o malabarismo, principalmente, aqueles com pequenos ou nenhum material, pois não exigem muito para que aconteçam e trazem ótimos benefícios motores, além da aquisição da habilidade para o lazer e atividades artísticas.  Segundo Domingues e Santos, citado por Mansur et al (2007, p. 89), “todo exercício de agilidade requer concentração na atividade, e a capacidade de coordenar movimentos manuais é de fundamental importância para a precisão dos movimentos das mãos e dos dedos.”

Algumas pesquisas estão sendo realizadas com a finalidade de saber mais sobre os benefícios do malabarismo e já mostram resultados: aumento da atenção e concentração (HAWK, 2001); aumento da capacidade da visão focal e ambiental (J. Finnigan, 2001). Em recente trabalho publicado pelos pesquisadores Draganski, Gaser, Busch, Schuierer e Bogdahn (2004), os dados mostraram que a prática do malabarismo pode gerar mudanças na estrutura cerebral. Após três meses de prática da modalidade, houve um aumento de 3% em duas regiões do córtex cerebral responsáveis pelo processamento visual. No grupo que não treinou, não houve alteração. Nos três meses seguintes sem a prática, um novo exame mostrou que as regiões haviam voltado quase ao estado inicial.  No dia a dia de treinamento de malabarismo, observamos que neste, como em muitas outras atividades, a falta de treinamento afeta a habilidade com os malabares, aqueles que conseguiam determinados truques, depois de algum tempo sem praticar, acabam errando-os quando tentam. (Duprat e Bortoleto, 2007).

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Para os autores acima citados, as atividades circenses e de malabarismo ajudam no desenvolvimento de vários aspectos do comportamento humano, contribuindo na formação de nossos alunos. É uma atividade que põe em destaque a expressão corporal, a criatividade, a cooperação, a interculturalidade, assim como as habilidades e capacidades. Além de todos esses benefícios, as atividades malabarísticas proporcionam a integração e o envolvimento dos alunos com colegas de escola e nas atividade da mesma, o que podemos ver pela participação dos alunos da Oficina de Malabarismo em atividades na Semana do Esporte, representando a escola; no Dia Mágico (tarde de diversão para crianças de creches vizinhas, organizada pelo grupo de voluntariado da escola), divertindo e ensinando essas crianças; na Mostratec, interagindo com os expositores e visitantes da Feira; na prova de seleção para ingresso na Liberato, recebendo os candidatos, fazendo interação com os familiares, além de apresentações na Semana Cultural, e Dia de Ação de Graças. Esperamos que mais alunos, e por que não, professores, juntem- se ao Grupo de Malabarismo da Liberato e venham malabarizar conosco em 2012!

Referências:

DUPRAT, Rodrigo M;. BORTOLETO, Marco A. C. Educação física escolar pedagogia e didática das atividades circenses. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 2, p. 171-189, jan. 2007. Disponível em: http://www.artigocientifico.com.br/acervo/4/51/tpl_2636.html

MANSUR, Marjori et al. Influência do malabarismo na aprendizagem, resposta ao estímulo visual e memória de idosos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, n.3 , 2007. Disponível em http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/remef/article/view/1237/943

Sheila Schwendler Professora da Fundação Liberato

Sheila Schwendler
Professora da Fundação Liberato

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