Feliz Natal com bom humor!

Todos nós sabemos que é comum o sentimento de saudade e melancolia, muitas vezes sem explicação, que toma conta dos corações de muitas pessoas na época das comemorações natalinas.  Arrisco dizer até que isso tende a aumentar, visto que cada vez fica mais difícil equilibrar nossa vida pessoal, real, com os incríveis apelos de consumo e celebração no final do ano. Faz-se necessário, então, pensarmos esta época de maneira diferente… Talvez com bom humor!

Foi por este viés que foi lançada a proposta de produção textual para o mês de dezembro para cinco turmas de primeira série, quatro do curso de Mecânica e uma do curso de Química, na Fundação Liberato.  A partir do estudo de quatro textos selecionados que abordam o Natal sob uma ótica lúdica ou irônica (A história, mais ou menos, de Luis Fernando Veríssimo; Mamãe Noel, de Martha Medeiros; Ensaio sobre Papai Noel, de Juremir Machado da Silva; e Pernas de Gambito, de Cíntia Moscovich), os alunos deveriam elaborar um quinto texto, do gênero crônica, como os que serviram de modelo, tendo como recurso principal o humor. A partir de uma situação típica de Natal, eles poderiam criar livremente, parodiando as histórias já conhecidas sobre o 25 de dezembro.

Uma das preocupações quando a tarefa de escrever envolve criação é a originalidade.  Pensar uma história nova a partir de histórias contadas por pessoas de várias idades, há tanto tempo, pode se tornar uma perigosa armadilha caso não tenhamos consciência dos recursos como a intertextualidade, a paródia, a ironia. Para que o aluno possa redigir um texto personalizado, com a sua marca, apresentando a sua visão de mundo, é importante que ele se aproprie desses recursos e saiba aproveitá-los de maneira diferente daquela já vista.

E o resultado disso foi muito positivo. Como a criação aconteceu em duplas, inicialmente houve o momento da troca de ideias, dos risos cúmplices, das bobagens descartadas. A construção do texto se deu aos poucos, lentamente, com idas e vindas, como tem que ser mesmo este processo.

Evidentemente que nem todos conseguem atingir a originalidade esperada.  Muito já se criou em cima das histórias que ouvimos desde crianças. Mas, mesmo assim, há surpresas agradáveis, textos divertidos e originais.  A linguagem a serviço da diversão, ressignificando uma data comemorativa em que muitas palavras já foram ditas.

Os dois exemplos apresentados a seguir são uma amostra do que surgiu em sala de aula. Os textos nós conseguimos apresentar, aqui, de forma física. O mais importante, porém,  e que não é palpável, foi o clima de confraternização que se criou entre os alunos, no trabalho em conjunto, na divulgação das ideias durante a aula.  Esse é o retorno que garante a validade da proposta, pois  pode-se perceber o envolvimento dos alunos no processo textual e  a sua identificação com a época que vivemos:  repleta de emoções, mas com possibilidade de superação a partir do bom humor.

Íris Lisboa Professora da Fundação Liberato

Íris Lisboa
Professora da Fundação Liberato

Texto 1

O novo Noel sexy 

Esses dias, quando estava revirando as caixas para enfeitar a minha casa para o Natal, resolvi escrever uma carta ao Papai Noel.

Na carta, pedi para que ele pensasse com carinho na possibilidade de se aposentar; não pedi nada demais, apenas um incentivo para o bom velhinho descansar.  Escrevi também sobre quem poderia substituí-lo para adiantar serviço: seu filho, Noel Júnior.

Júnior… Chamo-o assim porque me considero íntima da família: já são mais de quinze Natais…  Ele tem um corpo escultural, do tipo que passa horas na academia, um sorriso sexy e sedutor e, claro, é superquerido.

Noel respondeu-me a carta, dizendo que tinha aceitado a ideia; estava indo passar umas férias em Orlando e colocaria Júnior como seu substituto.  Preparei a casa (não poderia fazer feio…) e, como não tenho chaminé, coloquei a placa para ele entrar pela porta mesmo.

O tal esperado vinte e quatro de dezembro chegou, era quase meia-noite, e estava rolando a maior festinha quando ouvi o barulho de sua Ferrari vermelha estacionando no quintal.  As meninas não acreditaram, eu disse que ele existia e agora melhor do que nunca…  E o resto vocês já sabem, pois é Natal, a noite é uma criança e a festa está só começando…

Camila Engelmann e Nathália da Silva Turma 3112 Alunas da Fundação Liberato

Camila Engelmann e Nathália da Silva
Turma 3112
Alunas da Fundação Liberato

Texto 2

Carta ao Papai Noel

Prezado Papai Noel

Agora, chegando o final do ano, envio-lhe esta carta para expressar meu descontentamento com os presentes que recebi do senhor, no dia 25 de dezembro do ano passado.

Eu havia pedido um vídeo game, uma bicicleta para ir para a escola (que fica longe pra caramba da minha casa), um trem elétrico e um par de patins.

Eu me comportei durante o ano todo, tirei boas notas na escola, arrumei meu quarto todo o santo dia, ajudei velhinhas a atravessar a rua e não reclamei de nada.

No entanto o senhor, em vez de enviar o que havia solicitado, mandou-me coisas que não servem pra nada:  uma caneta, meias e cuecas.  O que eu vou fazer com uma caneta?? E tem mais, as únicas coisas que eu não queria ganhar o senhor fez questão de trazer, cuecas e meias.  Que tipo de criança gosta de ganhar isso no Natal?  Eu nem gosto de usar cueca!

Portanto deixo avisado que neste Natal que está chegando serei o oposto do ano anterior e, na madrugada do dia 25 de dezembro, quando o senhor descer por aquela chaminé, eu vou estar te esperando, velhinho… com ela acesa…

Rafael Bottega e Wagner Moraes

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