E se eu fosse leal iria passar as férias em Katmandu.
Buscaria pedras coloridas e cataria todos os piolhos. Emendaria um mantra após o outro.
Viveria anos assim.
Como um disco de vinil emperrado na vitrola ou como a velha agulha dos toca-discos, cheia de pó.
Passaria por todas as porteiras e subiria as montanhas. Uma a uma.
Ficaria por lá. Como monge.
Vivendo de ar. Rarefeito como tudo que há aqui.
Ficaria careca. Deixaria Sansão enlouquecido, como quando Dalila virou cabeleireira.
Emendaria o mantra do esquecimento e esqueceria.
E, quando esquecesse, desceria o K2 junto com as mulas.
Viajaria a Lhasa e devolveria o Zig ao trono.
As mordidas acabariam.
E após rodar todas as rodas de orações, eu dormiria profundamente.
E não acordaria mais.