A Essência dos Prazeres

Meu coração ainda bate forte e intensamente. Minha respiração só pode ser contida nos meus passos largos e decisivos. Sinto o perfume e o roçar das pétalas de flores que caem, como dádivas sem preço, sobre minha cabeça. Estou contemplando “a essência dos prazeres”, que sempre esteve ao meu lado, ali no Parcão, em Porto Alegre. E eu nunca percebi.

Agora, porém, um outro olhar invade minha alma. Diante de mim está uma majestosa árvore, que vive cada instante de sua existência envolta em mil prazeres.

Acompanhei o sol da manhã bater em suas folhas fazendo-a retomar o seu ciclo de vida. Cada raio de sol a enche de prazer, de energia e nos dá um ar mais puro. Cada toque em suas folhas, por pássaros, insetos e pela brisa suave do vento, comovem aquela brilhante, forte e suave estrutura, que continua a irradiar mais beleza, através do ondular de suas flores amarelas. Maior, ainda, é o seu prazer ao jogar suas pétalas que, ao cobrirem a terra, formam um tapete de inigualável esplendor.

Ouvindo as preces do universo, ela mergulha na noite para sentir o brilho das estrelas. Sons, vibrações e vozes que por ela passam, são estímulos para que ela continue a fazer o que sempre fez no silêncio infinito do seu sentir.

Os dias não lhe mudam a existência, continua como sempre foi, somente esperando o ciclo da natureza, para dar mais riqueza, fertilidade e contribuir com a vida e com o clima.

Cada folha que cai lhe da a sensação de que está seguindo os passos da natureza e, quando todas elas caírem, renova-se a esperança de que todas elas irão voltar. Em suas lembranças naturais ela volta a sentir o perfume de suas flores, o calor humano dos que por ela passam, e as vozes das crianças que brincam, deixando-se mergulhar na “essência dos prazeres” que é viver, sentir sem a necessidade de contar.

Alberto Dal Molin Filho

Alberto Dal Molin Filho

 

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