ÚLTIMO DISCURSO

06-Relato-Ultimo-Discurso-Maior

Como introdução ao estudo da teoria do conhecimento e à filosofia política, na disciplina de Filosofia, estudamos nos terceiros anos, o texto de Charles Chaplin – Último Discurso – lido antes da exibição do filme “O grande ditador”. Mesmo que o texto tenha sido escrito há quase cem anos, ele nos permite inúmeras análises e analogias à sociedade atual. Dessa forma, os alunos foram estimulados a escreverem seus “últimos discursos” que deixariam para a sociedade. Eis alguns deles. Boa leitura e reflexão.

Prof. Vilson Joselito Schütz Fundação Liberato

Prof. Vilson Joselito Schütz
Fundação Liberato

ÚLTIMO DISCURSO

Parem de encarar a vida como um filme ou livro, com um início, um meio em sequência lógica e, por último, um fim. Viver não é um trajeto em busca do pote de ouro, porque o único final existente (e inevitável) é a morte: viver deve ser o próprio pote de ouro.

Lembrem-se sempre: a vida é a coletânea de momentos aleatórios que cada pessoa construiu. Nem tudo precisa ter um motivo, uma explicação. São as decisões que te fazem sorrir, os instantes de alegria, as razões pra qualquer coisa. As vivências não necessitam de nenhum propósito além da nossa felicidade, e colocar tamanha sensação de “missão a ser cumprida” em algo tão frágil como estar vivo é, no mínimo, idiotice.

Também não se esqueçam de que o equilíbrio da vida não funciona como uma constante. Gosto de comparar a vida com um senoide: uma série de altos e baixos, o equilíbrio existe se fizermos a média. Nada é eterno. A tristeza e a dor vão passar.

Vale reforçar que não estamos nessa sozinhos, e que nossa espécie sequer mantém-se viva sem união. Amem, acolham, ajudem; ergam uns aos outros nos “baixos”. A sua coletânea não se tornará melhor por destruir a dos outros. Juntem-se para fazer os seus potes de outro ainda maiores.

Laura Monteiro Rossa Fundação Liberato

Laura Monteiro Rossa
Fundação Liberato

 

O ÚLTIMO DISCURSO

O mundo pode ou não ser mudado com uma palavra? E as pessoas? Bem, não tenho certeza, mas tentarei, com os recursos que me estão disponíveis, pelo menos tentar te fazer pensar, repensar ou até refletir sobre as coisas.
A falta de empatia, de compaixão para com o próximo estão dominando o mundo cada vez mais e não precisamos ir muito longe para perceber isso.

Acima de tudo, devemos nos preocupar com o futuro da humanidade, e não estou falando sobre o futuro industrial ou tecnológico, mas, sim, com o ser humano, cada dia lutando para que o ódio não vença.

Nossa sociedade anda tão perdida que até com a morte as pessoas se alegram, um momento em que é preciso palavras de conforto, recebem-se críticas e julgamentos.

Todos os dias penso que não tem mais volta, até os animais sofrem com a falta de amor do ser humano, que diz que eles são os melhores amigos do homem.

Acredito que, além de tudo, as coisas podem mudar, que a humanidade perceba o caminho que está sendo escolhido, não por todos, e mude de direção.

Pessoas que aspiram a um futuro melhor e lutam por isso são a esperança que ainda mora em nossos corações.

Julia Hilbert Fundação Liberato

Julia Hilbert
Fundação Liberato

 

O Meu Último Discurso

Sinto, mas quero ser livre. Quero desbravar o mundo com os meus olhos, ver cada centímetro de terra e mar que faz parte do nosso planeta. Mas, sinto também, que aos poucos minhas asas são cortadas e não expandir os horizontes torna-se a minha sina.

Olho para os lados e vejo apenas lugares inseguros para fazer pouso, enquanto meu próprio pedaço de mundo desaba aos poucos. Meus sonhos, antes tão unicamente meus, agora viram meros delírios para serem pensados quiçá um dia. Sinto que estes foram ofuscados por tanta miséria e sofrimento alheio e, portanto, sou responsável muito mais pelos sonhos deles que os meus próprios.

Portanto, assim a vida avança, a âncora continua no chão, profunda na areia, com o meu barco sentindo a mesma água que sentiu a vida toda. Outros mares e paisagens viram passado e permaneço. Os males ocuparam cada pedaço dessa terra e envenenaram quem possuía liberdade para sentir e ser quem quisesse. Agora, vira obra de cada um descontaminar um pouco, fazendo com que seja possível um Novo Mundo crescer novamente perante os olhos nossos.

Assim, o sonho começa a ser construído na realidade, para que as pessoas sejam novamente livres e felizes, para que nossos bosques voltem a ter mais vidas e no nosso próprio seio possa sentir amores de todas as cores. Não há razão para desistir quando a luta recém começou. Não há tempo de desistir do sonho que sempre se sonhou.

Está finalmente vendo? Os homens deixaram de ser mortos injustamente, os torturadores e corruptos foram finalmente criminalizados. Mulheres conseguem sair às ruas sem medo, as escolas são só um espaço para fortalecer a humanidade e a integração. A saúde é de todos, armas finalmente deixaram de ser a escolha quando atitudes mais simples podem substituí-las. As pessoas podem finalmente se amar, independentemente de sua escolha ou gênero. A Amazônia não está sendo mais explorada, a diversidade da fauna se espalha por toda a flora.

Por isso, eu fiquei, fico e continuo ficando porque o sonho de voar para longe foi bem menor do que o de transformar. Olhem! O sol está nascendo, é hora de agir novamente. Os homens já são livres, mas há muito a se conquistar. Acordem! Mais um dia vem e mais uma chance de fazer algo novo acontecer.

Marina Boff Fundação Liberato

Marina Boff
Fundação Liberato

 

ÚLTIMO DISCURSO

Caro leitor, em meus últimos suspiros lhe deixo este bilhete como um alerta a todos os cidadãos. Deparei-me com muitas discussões em minha vida. Intrigas, agressões e hostilidades que transtornavam os meus dias. Rostos fechados, palavras obscenas e gestos agressivos eram dirigidos diariamente entre as pessoas a minha volta. Cheguei à conclusão de que, em algum momento, deixamos de nos preocupar com o outro e colocamos os holofotes apenas em nós mesmos. Subimos no palco e fechamos nossos olhos para a plateia, para quem tanto nos ajudou a chegar até ali ou que torceu e vibrou conosco em cada uma de nossas conquistas.

Vejo que o mundo está carente de boas ações, empatia e respeito. Precisamos ser uma sociedade, um só povo com características e culturas distintas, mas que convivam em conjunto buscando sempre a velocidade própria e a de seus próximos. Está na hora de abrir os olhos e fazer deste mundo um lugar melhor para todos e só nos unindo, com todas as nossas diferenças, que iremos conseguir. A mudança pode começar por você, basta tentar.

Micheli Schabarum
Fundação Liberato

 

NOVAS ASAS

A Humanidade sempre comportou-se tal qual uma onda: picos áureos e picos de decadência. Mundialmente, pode-se dizer que estamos passando por uma nova Idade Média. Esqueceu-se do amor, da inteligência e da sabedoria. Porém, entrar em desespero só nos afastaria da solução desta crise. Temos que nos conscientizar de que somos parte de um todo maior, dessa colossal natureza. Ciclos são processos naturais que sempre aconteceram e continuarão ditando o eterno movimento – como dizia Heráclito – de todo o universo. Cabe ao ser humano, único ser vivo conhecido na terra possuidor da razão, tornar-se um elemento ativo para conhecer-se e conhecer seu entorno.

Desde o mais longínquo tempo, o ser humano sempre teve tendência a reunir-se com outros seres humanos. Sempre houve essa força que uniu e formou famílias, tribos, povoados, cidades, estados e países. Platão chamou isso de amor, aquela virtude universal que é responsável por agrupar as pessoas em todos os níveis. Porém, tendo também o homem sua parte animal, nem sempre essa virtude pode expressar-se. Precisamos voltar a desenvolver o interesse altruísta pelo outro, fomentar a criação de núcleos fraternos onde as diferenças da personalidade não influenciem os laços humanos. Necessitamos voltar a nos conectar com aquilo que todos temos em comum, aquilo que faz as pessoas mais diferentes conviverem em harmonia.

A mente, quando não educada e treinada, pode ater-se a mecânicos e egoístas pensamentos. A falta de aprofundamento, o dogmatismo e a crítica desenfreada estão tornando os homens cada vez mais separados e presos em sua própria bolha. Essa chaga manifesta-se em todos os níveis e campos da sociedade: ciência, arte, política e religião. Só a inteligência, essa virtude do ser humano que vai muito além do intelecto, mas que está ligada ao discernimento e ao altruísmo poderá dissipar a crítica e a separabilidade.

Cada ser humano possui em si algo como várias sementes. Porém, assim como uma árvore para crescer em esplendor necessita ser regada e amparada, os potenciais latentes do homem também necessitam ser regados e cultivados. Essa trilha de cultivo é um caminho de duas vias: transformação dentro e expressão fora. Como disse o grande filósofo oriental Lao-Tsé: “O universo já é uma unidade harmoniosa, simplesmente tome consciência dele”, ou seja, sendo o homem parte disso tudo, cabe a nós conhecermo-nos para conhecer o todo. Tal como um artesão, vamos nos moldando e esculpindo para sermos um autêntico reflexo daquele modelo que almejamos ser. Um modelo de amor, inteligência e sabedoria.

Portanto, para começarmos a nos desvencilhar das correntes dessa caverna moderna precisamos acordar. Precisamos ser amantes da sabedoria que é a incessável busca pela máxima condição humana. Abrir os olhos da alma e perceber nossas fragilidades, compreendê-las e transformá-las. Educarmo-nos todos os dias para que, aos poucos, comecemos a enxergar a verdadeira luz da sabedoria e desfrutar da liberdade. Criar asas, como diz Platão no Fédon, para voar novamente. Aquela liberdade que concebe ao homem o governo de si, permitindo uma forma de vida digna e presente. E principalmente, como a filósofa russa H.P. Blavatsky nos aconselhou antes de partir: “Mantenham-se unidos!”.

Felipi Fidelis Fundação Liberato

Felipi Fidelis
Fundação Liberato

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *