A Fundação Liberato na minha vida
O retorno de saturno: a matemática da vida
José Celmar Roir da Silva ou, no popular, apenas Zé. Figura muito conhecida na sala de estudos. Entre um resmungo e outro, arranca sorrisos e simpatia dos colegas de mesa, de sala e até da escola, eu diria. A sua história com a Fundação Liberato começou com o concurso realizado em 1989 e a obtida aprovação em 6º lugar. Em 1989, começavam a acontecer os concursos públicos brasileiros para lotar as vagas de trabalho nas instituições estaduais e federais, característica do período pós – Constituição de 1988. Nascido em Cacequi, começou a vida profissional ainda em 1978, um jovem em Santa Maria. No entanto, foi na Unisinos que seu amor pela lógica virou profissão, formou-se professor de Matemática, para orgulho da mãe, também professora, e incentivadora do seu processo de formação. Acabou o curso em 1984, fazendo uso do crédito educativo, uma das poucas ou talvez, única política educacional voltada para o ensino superior dos anos 70 e 80.
Antes de começar a trabalhar na Liberato, José Celmar foi professor de Matemática em escolas estaduais como ‘professor contratado’, ou seja, temporário. Nesse caminhar, percebeu que seu encanto pelo raciocínio lógico se dividia com o amor pela política. Em 1987, participa de uma greve de mais de 90 dias, junto com seus colegas de profissão, buscando melhorias nas condições de trabalho da sua categoria. Inclusive, seria demitido durante esse processo de greve. E, assim, a sua história profissional é construída, entrecortada pelos avanços e retrocessos do mundo da política, afinal, estar no mundo e fazer escolhas é, também, um ato político, por mais que muitos queiram negar.
Formou família, teve quatro filhos e uma neta. Separou e casou de novo. Atualmente, mora em Porto Alegre e faz o caminho da BR para a Fundação Liberato quatro vezes na semana. Exigente consigo mesmo diz que demorou dez anos para aprender a ser um bom professor. Durante 26 anos trabalhou 60 horas, ou seja, trabalhava três turnos diariamente, pela manhã, pela tarde e na noite. Essa é a realidade de muitos professores no nosso país e, principalmente, no nosso Estado (segundo as estatísticas, professores estaduais recebem abaixo do piso nacional). Sua vida “acontecia” na sala de aula. Seus filhos cresceram, o mundo mudou, e ele se aposentou no ‘estadão’. Hoje, José Celmar, trabalha apenas 40 horas na Liberato. Em 29 anos de história nessa fundação, atualmente, vive a espera do retorno de saturno, ou seja, completar 30 anos de trabalho e se aposentar.
Nesta Instituição, já foi coordenador de área, em uma área que tradicionalmente tem em torno de 12 professores. Tradicionalmente, é professor dos cursos do diurno e do noturno, orgulhoso do trabalho realizado nessa escola e da quantidade imensa de alunos por ele formados. Ainda faltam alguns quilômetros para a aposentadoria que serão percorridos ao som de muito David Bowie e Raul Seixas, afinal, a labuta é diária, mas não precisa ser triste!
Muito bom Maira. Gostei do teu texto. Ficou legal de ler. E retratou com veracidade um pouco da minha história, das minhas lutas e vivências pra chegar até esses dias que estão sombrios. Estamos vivendo um retrocesso perigoso que vai nos exigir muita luta e sabedoria pra estancar esse retrocesso e assim poderemos voltar a sonhar com um Brasil menos desigual e com justiça social. Um abraço Maira. Muito obrigado.
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Muito bom o texto Maira Daniel. Ficou legal de ler. Reflete com veracidade uma parte de minha vida. Minhas lutas pela sobrevivência até os dias de hoje, que são sombrios. Vivemos num retrocesso perigoso. Vai depender de muita luta e sabedoria pra revertemos isso e assim poderemos sonhar de novo com um Brasil menos desigual e com justiça social. Obrigado Maira Daniel. Grande abraço.
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Esse prof
, o Zé é meu sobrinho e muito querido.
Tenho grande admiração por ele, tanto como pessoa quanto como como profissional da educação.
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Pessoa de “coração vasto”! Trabalhador exemplar. Gostaria de ter a paciência que o “Zé” tem!
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