SIM, QUENT ‘NOS… E DAÍ?

Tenho pensado nas coisas
Que nos fazem seres humanos.
Tomo o trem com destino a Porto Alegre.
Uma viagem curta, mas própria para pensar.
São muitos passageiros,
Entretanto suas vidas não casam comigo.
É bom, de vez em quando, calar.
É o tempo para estar consigo e achar isso ótimo.
Ninguém perturba,
Ninguém chama,
E o deslizar das rodas sobre os trilhos, chic, chic, chic,
Não incomoda.
A viagem segue como um sonho.
Olho através do vidro da porta.
Lá fora o sol, um pouco tímido é verdade,
Mas a natureza já dá sinais de Primavera.
Ah, a Primavera!
Não a tive!
Somente a Tiavera,
Que partiu tão precocemente…
Vida que vai,
Vida que vem!
E eu aqui,
Uma agradável tarde de sexta-feira…
Olho aqui, acolá…
Me distraio…
O que me faz ser assim como sou?
Um pouco de meu pai,
Muito de minha mãe…
Dele o gênio forte;
Dela, a doçura de um amanhecer no campo,
Coberto de margaridas e girassóis.
Da infância,
Trago a travessura,
O faz de conta
E o eterno brincar;
Da adolescência,
O sonho e a rebeldia…
Todos sabem que faço parte do Grupo do “R” …
Rebelde, revolucionária,
Mas com “érre” me retomo,
Reinicio,
Revejo,
Recordo rimas
E reinvento…
Agora o trem pára na estação São Luís/ULBRA.
Gente que sobe,
Gente que desce…
A idade adulta, confesso,
Às vezes, é muita chata!
Trabalhar,
Pagar,
Escutar,
Concordar,
Parar,
Procurar,
Falar,
Brigar,
Contudo tem tantas outras coisas boas:
Namorar,
Dançar,
Cantar,
Festejar,
Passear,
Viajar…
Bonjour, madame!
Penso que vivi metade de minha vida.
Os últimos dez anos foram os melhores,
Embora “amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo…
Como diz o Rei naquela música…
Quanto tempo resta?
Bem, isso não importa!
O que importa é que cada momento é único,
Mágico
E especial o suficiente para curtir a vida do jeito que ela acontece…
O trem está chegando…
Fim da linha…
Ponto
MARLISE
Marlise Cornelius
Professora de Língua Portuguesa da Fundação Liberato

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