LOGO ALI… AO LONGE

A imagem permanece à minha frente como quando se acorda de um sonho sem se ter certeza se ainda se está no sonho ou se já voltou á realidade. A imagem, aquela liberta, torna-se de um colorido indefinível, isenta do compromisso da forma pronta. O campo verde, o brilho do dia, o perto e o longe se tornam aos poucos uma coisa só.

É a fotografia presente no meu imaginário – improvável refúgio quando a realidade se torna difícil de suportar. É a partir daí que tudo começa, as noções de tempo e espaço vão perdendo seu significado e tudo parece se misturar. Um borrão se forma, imagens caleidoscópicas nada retilíneas me conduzem a uma viagem fantástica. Nada é equilátero. Tudo é uma coisa só.

Sinto-me saindo de mim mesmo, sendo levado por um vento casual em todas as direções. Saio de mim sabendo que talvez não mais me encontre. Vejo assim um mundo através de olhos que não são os meus… Sinto-me pulsar por algo que não é mais meu coração. Um acaso ou um destino me conduzem pelo indefinível.

Não sou mais um homem admirando um pôr de sol. Sou um pôr de sol observando as pessoas.
Elas caminham e param.
Elas criam e reinventam.
Elas transformam e deformam.
Elas choram e riem.
Do que está ao redor, pouco veem.
O que são, afinal?
O que buscam?
Por que correm?
Para quê?

Uns poucos percebem o por de sol. Mas que se pode esperar? Entre eles, há tantos que não percebem a si próprios!

O todo aos poucos vai voltando a se separar e as formas vão novamente se definindo. Volto a ser aquele um, em seus próprios insignificantes limites. Os borrões das imagens à minha frente também vão se recompondo em formas concretas do pequeno universo que me cerca. Mas há um brilho diferente que permanece por mais alguns instantes. O ficar aqui parado me levou ali ao longe…

Se da minha parca existência algo eu puder levar, que seja essa imagem, assim meio sonho, meio realidade. Ficarei eu também nessa imagem, soprando uma brisa sobre um rosto qualquer que resolva parar para sentir a maravilha que é existir…

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Ali ao longe… meio sonho, meio realidade.

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André Luís Viegas
Auxiliar de Ensino do Curso de Química

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