RELIGIÃO E CIÊNCIA: ETERNAMENTE INCOMPATÍVEIS

Percorrendo os canais abertos de TV, parei na TV Novo Tempo, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O que me chamou a atenção era a foto de Darwin, e um suposto professor, chamando Darwin de “esse sujeito”, e emendando, “não fazia ciência, fazia teorias”. Dentre as muitas imbecilidades ditas, esta é uma das pérolas: “se o homem cortar seu dedo e a mulher fizer o mesmo, você acha que seu filho nascerá sem o dedo? É claro que não”. Não há evidências sobre a evolução. “Mostre alguma coisa em evolução!” O público, seleto e obediente mirava o mestre com admiração.

A religião é incompatível com a ciência, pois, enquanto uma incentiva a dúvida – de onde vem deus? , por exemplo -, a outra valoriza a fé, isto é, o não questionamento. “Eis o mistério da fé” dizem entre outros, os católicos na “consagração da eucaristia”. Toda a justificativa, para qualquer coisa, é encontrada numa compilação de escritos da idade do bronze, chamada Bíblia. Uma sucessão de bobagens, onde a xenofobia, a homofobia, a discriminação das mulheres e o incentivo à barbárie, principalmente aos que acreditam em outro deus, estão em alto relevo. Dia de queimar o Alcorão, gritam uns. Vamos riscar do mapa os infiéis, respondem os outros. Somos a favor da virgem Maria gritam os cristãos do tipo A. Acabem com eles, gritam os cristãos do tipo B. Evitemos o conflito com as crianças, criando escolas católicas para umas e anglicanas para outras, e esperemos cresçam para matarem umas às outras, concluem os dois grupos.

Um mundo sem religião seria composto de pessoas boas fazendo o bem e pessoas ruins fazendo o mal. O mundo com religião, além de ser composto por esses dois grupos, é acrescido de mais um, o de pessoas boas fazendo o mal, justificado pela sua fé cega e burra.

Além de agredir a ciência, as religiões no uso de canais de TV ferem direitos daqueles que pagam impostos, uma vez que a TV é um serviço público e, assim sendo, leigo, como manda a Constituição Brasileira. A proliferação deste tipo de emissoras certamente é devido ao peso político que essas religiões têm, e também ao peso das propinas que financiam seus representantes nas esferas dos legislativos estaduais e federais. Picaretagem pura e simples que serve para encher o bolso de uns poucos, tirando o pão da mesa de muitos.

Os “pastores”, normalmente ignorantes e iletrados, disseminam o medo, a irracionalidade, a discriminação sem limites e, naturalmente, o ódio àqueles que não compartilham de suas loucuras.

Acredito que, se um deus existe (a probabilidade é bem baixa), tal como escrevia Kepler, para entendê-lo, é necessário, antes de tudo, entender Matemática e Física, o Seu idioma, falado em todo o Universo, por todos os povos da Terra (e os de fora também), e para compartilhar e aperfeiçoar a sua obra, as demais ciências.

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Irineu Alfredo Ronconi Junior
Professor da Fundação Liberato

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