O professor e as eleições

Em março de 2010, comemora-se um quarto de século da redemocratização do país, considerando-se a eleição de Tancredo Neves, no colégio eleitoral, um referencial para o fim do regime militar. Começou muito tímida com a eleição indireta e depois foi se consolidando com as eleições diretas. Neste ano, vamos para a sexta eleição para presidente. A primeira sem a candidatura do “LULA”.

Sabe-se que todo esse tempo, historicamente, é ínfimo. Sabe-se, também, que retrocessos são historicamente recorrentes. Por isso, precisamos cada vez mais fortalecer esse processo de (re) democratização do país. Não podemos banalizar as eleições. Não podemos cair no discurso fácil de que política é para políticos e que político é “tudo ladrão”. Sabemos que a corrupção, a roubalheira, o tráfico de influência existem em toda a atividade humana, não só na política partidária. Por exemplo, os grandes barões do tráfico de drogas, muitas vezes, constituem empresas de fachadas para aparecerem na sociedade como empresários de sucesso e financiam campanhas políticas para formarem braços de sustentação de suas atividades ilícitas nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas dos estados e no congresso nacional.

Nós, professores, temos, hoje, total liberdade para expressarmos nossas opiniões. Não tem agentes do governo vigiando as nossas atitudes na escola para nos entregar aos órgãos de repressão, como havia na época da ditadura militar. Muitos lutaram, muitos deram suas vidas para que o Brasil chegasse a esse estágio de democracia. A questão da democracia como sendo um valor universal foi pauta de muitas discussões, principalmente dentro dos partidos ditos de esquerda. Muitos “esquerdistas” queriam derrubar a ditadura dos militares e substituir por outra, a chamada “ditadura do proletariado”. Felizmente a visão hegemônica da dita “esquerda” que está no poder, hoje, representada pelo governo “LULA” é de, cada vez mais, fortalecer as instituições democráticas e realizar políticas sociais de inclusão e de distribuição de renda.

O professor tem um papel muito importante nesse processo. O professor pode ser um agente no fortalecimento da democracia, ensinando o respeito, a tolerância e a convivência com as diferentes opiniões. Penso que não podemos ficar indiferente ao maior acontecimento político do ano que são as eleições. Toda a fala e toda a ação humana é política. A indiferença é uma ação política que abre espaços para pessoas, disfarçadas de boazinhas, ocuparem cargos importantes, tomando decisões que podem nos causar grandes transtornos.

Nestas eleições para presidente, basicamente, nós temos dois caminhos a escolher. Votar na continuação de um projeto que prioriza a distribuição de renda, com a valorização do salário mínimo, com as políticas de inclusão social através de programas como o “luz para todos”, “bolsa família”, “mais alimento”, “ProUni”, entre outros; um projeto em que o Estado é o grande fomentador do desenvolvimento econômico e social, com as políticas de redução de IPI da cadeia automotiva, da linha branca dos eletrodomésticos e do setor moveleiro, com o Plano de Aceleração do Crescimento, com obras de infraestrutura e com as políticas de incentivo na construção civil através do projeto “minha casa, minha vida”. Vocês lembram que, na era FHC, sobravam engenheiros. Havia um desemprego brutal. Algumas pessoas já diziam que, no futuro, não existiriam mais empregos formais. O segundo caminho  é votar na volta da política do Estado mínimo, do incentivo às privatizações, deixando o “mercado” como o grande regulador do desenvolvimento do país.

No Rio Grande do Sul, a situação é mais complicada. Nas últimas eleições para o governo do Estado, a mídia gaúcha, junto com empresários e políticos influentes, protagonizou um atentado à democracia e ao respeito às liberdades individuais. Instigou uma política de ódio a um determinado partido político que, com seus erros e acertos, conquistou, nas últimas três décadas, um respaldo de, no mínimo, 30% da população. Isso não é pouco, considerando a grande quantidade de agremiações políticas que nós temos. Não deveríamos fazer política com ódio, usando expressões como: “nós temos que varrer da face da Terra essa praga”. Gostaria de acreditar que nestas eleições, principalmente com a popularidade alcançada pelo presidente “LULA”, a mídia gaúcha respeitasse um pouco mais a inteligência das pessoas.

Espero, também, que o professorado participe mais das discussões políticas, que incentive seus alunos a expor suas ideias e suas perspectivas para o futuro e, principalmente, que procure tomar consciência do que realmente está em jogo nestas eleições e o que isso representa para o futuro do país. Com a palavra, o professor.

Index_clip_image002_0000

José Celmar Roir da Silva
Prof. De Matemática nas escolas: Fundação Liberato em Novo Hamburgo
Esc. Est. Polisinos e Esc. Est. Olindo Flores da Silva em São Leopoldo

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *