O filme “A favorita”, do diretor Yorgos Lanthimos, expõe um recorte da História britânica com o foco em Ana, a primeira rainha da Grã Bretanha, obesa e já envelhecida, que governou de 1702 a 1714 e organizou a instabilidade política do país.
O equilíbrio entre o denso e o hilário é fantástico, a narrativa é clara e pode dispensar o conhecimento histórico dos fatos. A sensibilidade da abordagem revela uma mulher sofrida, com 17 gestações não concluídas ou com crianças natimortas, que, por ser a rainha, tinha dentre suas obrigações, dar herdeiros ao trono.
Aproveitando-se dessa aparente fragilidade, assistimos à disputa entre a duquesa de Malborough e a baronesa Mashan, pelo favoritismo da governante.
As três personagens femininas dispensam as masculinas, contrapondo-se à misoginia da época. O filme não glamoriza o poder, expõe sua humanidade.
Oscar merecidíssimo à Olivia Colman (Ana), seguido pelas brilhantes interpretações de Emma Stone e Rachel Weisz.
Assistam, é um show de interpretações.
Glaucio Lopes Rodrigues
Professor de História
Fundação Liberato