“Nunca julgue um livro pela capa”, já dizia o ditado popular sobre tirar conclusões precipitadas baseadas apenas na aparência, conceito muito bem explorado no curta metragem animado “Kitbull”. A animação da Pixar (atualmente propriedade da Walt Disney Studios) foi lançada mundialmente em 18 de fevereiro de 2019, fruto do projeto Sparkshorts, destinado a incentivar novos talentos entre os funcionários do estúdio. Rosana Sullivan, diretora e roteirista do curta, que já possuía experiência no mundo da animação, tendo trabalhado em filmes como “Os Incríveis 2” (2018) e “O Bom Dinossauro” (2015), ganhou destaque com a indicação de “Kitbull” para o Oscar de melhor curta metragem animado.
A história se passa em São Francisco, nos Estados Unidos, e apresenta a amizade improvável entre duas figuras geralmente hostilizadas na cultura popular: um gato preto e um cachorro da raça pitbull. O gato, que sobrevive com restos de comida que encontra pelas ruas, vive em uma pilha de caixas atrás de prédio e é surpreendido ao ganhar um novo vizinho canino com uma aparência assustadora. Contrariando as expectativas, não só do público como também do arisco protagonista felino, o cão demonstra-se brincalhão e carinhoso, buscando na interação com o gato uma forma de escapar da realidade de abuso à qual é imposto.
De uma forma simples, utilizando-se apenas da linguagem corporal das personagens, o curta-metragem entrega uma narrativa engraçada e emocionante, retratando a dura realidade dos gatos de rua e dos cães utilizados em rinhas promovidas ilegalmente. Ao representar a delicadeza e a inocência do cão em relação ao seu companheiro felino, a animação desmistifica a imagem monstruosa popular criada sobre os pitbulls, mostrando-os pelo que realmente são: animais de estimação que necessitam de atenção e carinho, assim como quaisquer outros.
Pessoalmente, achei a animação extremamente bem produzida e comovente, cumprindo tão bem seu papel de fazer o telespectador se importar com as personagens que fez com que eu me emocionasse em diversos momentos, feito alcançado por poucas produções. Recomendo a obra para todos os públicos, não apenas pelo carisma dos protagonistas, como também pela triste realidade de dificuldade e abuso retratada, que deve ser exposta para que possa ser evitada.