UMA LEITURA PARA O NOSSO TEMPO

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Ler é um ato libertador, de reflexão, de vivências, de aventuras, de descobertas…que precisa ser cultivado e disseminado entre as pessoas, por isso, dar um livro para alguém e/ou receber um de presente são gestos que possibilitam um encontro com muitas emoções. Mas, quem ainda não teve uma dessas oportunidades faça o seguinte: aceite uma sugestão de leitura.

Em sua conferência (TED TALK em 2009), intitulada “O perigo de uma única história” (The danger of a single story​), a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie relata a sua experiência de ser leitora precoce, porque, desde os seus 4 anos de idade, lia escritores americanos e britânicos sugeridos pelos seus pais. Somente foi descobrir os escritores africanos em torno dos seus 10 anos de idade, quando, ela afirma, sentiu ter sido “salva de ter uma única história”.

No momento em que participou dessa conferência, cujo TED já teve mais de um milhão de visualizações – considerado um dos mais vistos até agora – Chimamanda Ngozi Adichie chamou a atenção da opinião pública mundial e se apresentou como “uma contadora de histórias”. A plateia encantada escutava a escritora narrar a sua história delineada por ter nascido na Nigéria, um país colonizado pelos europeus e marcado por uma violenta guerra entre 1967 e 1970. Chimamanda afirmou que nossas vidas e culturas são concebidas de muitas histórias, por isso, advertiu “o perigo de uma história única” de apenas um olhar sobre uma pessoa ou cultura e o quanto isso pode produzir desavenças, falhas, erros.

Toda a história contada num livro tem a ótica daquele escritor. No entanto, conhecer livros de culturas diferentes é transitar pelo improvável e pelo impossível, é se lançar para o novo, é ampliar a percepção em relação às individualidades, é entender que os horizontes ultrapassam fronteiras e que as diversas realidades oferecem a mistura de todos os seus encantos e desencantos. Como Chimamanda disse: “A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história.”

Chimamanda tinha 26 anos quando publicou seu primeiro romance, Hibisco Roxo, em 2003, e recebeu vários prêmios e elogios. Desde então, essa escritora talentosa vem ganhando fãs pelo mundo afora, destacando a cantora Beyonce, o casal Michele e Barack Obama, a primeira ministra da Alemanha Ângela Merkel. No Brasil, onde seus livros começaram a ser editados a partir de 2011, ela também conquistou muitos corações.

Em 2014, a literatura contemporânea é agraciada com a publicação de AMERICANAH – uma belíssima obra dessa romancista e ensaísta nigeriana de forte concepção feminista. Esse livro permeia temas de extrema relevância social como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero, ao contar uma linda história de amor vivida por um jovem casal que passa sua adolescência na Nigéria; depois de alguns anos, esses namorados tomam rumos diferentes, separando-se entre a Inglaterra e os Estados Unidos; contudo, a trajetória de vida de cada um deles não para por aí. De forma envolvente e bem-humorada, a narrativa dessa obra articula muito bem romance e crítica social no contexto de uma realidade pouco explorada.

Então, você está convidado a ler AMERICANAH​ – um livro que, junto com o restante de suas obras traduzidas em mais de 30 idiomas, se torna uma leitura essencial para quem aprecia conhecer personagens ousadas, corajosas e carismáticas como Ifemelu, que protagoniza a arrebatadora história de amor narrada em suas páginas. Desejamos a você uma ótima leitura.

Rogéria Pacheco e Ana Izabel Fernandes
Professoras da Fundação Liberato

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