RESENHA DO ÁLBUM “Construção”, DE Chico Buarque

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Construção: um álbum para construir ideias e rever conceitos.

Construção, um dos álbuns mais famosos do cantor brasileiro Francisco Buarque de Hollanda, popularmente conhecido como Chico Buarque, foi gravado inteiramente no Brasil após sua volta do exílio na Itália, para o qual teve que recorrer por perseguição e censura no Brasil, em 1971. Chico nasceu em 19 de junho de 1944, na cidade do Rio de Janeiro, e, aos cinco anos, começou a demonstrar interesse pela música. Em maio de 2019, ele ganhou o prêmio Camões, um dos maiores reconhecimentos da Literatura em Língua Portuguesa. Sem dúvidas, Chico Buarque é um artista atemporal que marcou diversas gerações com obras como “Apesar de você (1970)” e “Roda Viva (1967)”. 

O presente álbum, lançado pela gravadora Philips, como retrata o seu título, é uma espécie de construção do cotidiano com letras que passam uma crítica da visão do autor sobre o modo de vida daquela sociedade. Mas a genialidade de Chico não para por aí: as canções, além de serem análises muito bem fundamentadas do dia a dia, apresentam evoluções poéticas quanto à engenhosidade métrica em que foram escritas.

Além de juntar ritmo e poesia, a música “Construção”, que dá nome ao álbum, é literalmente uma construção, onde os versos são cadenciados, isto é, trazem uma ideia de movimento que começa, abranda e volta. A música retrata o cotidiano de um operário na área da construção civil. O compositor também busca, por meio de metáforas, fazer com que o dia desse trabalhador pareça algo mágico e, no final, ocorra uma desconstrução dessa rotina. Nela, o autor traz uma desumanização do trabalhador, passando uma dura crítica às condições de trabalho que todos os dias essas pessoas enfrentam.

No final dessa composição, ele faz uma junção com outra música de seu álbum, “Deus Lhe Pague”, como se fosse uma forma de resposta irônica do operário ao pensamento das pessoas sobre sua trajetória. Não obstante o contexto histórico da canção, que foi escrita durante uma forte repressão da ditadura militar no Brasil, fica claro que as composições de Francisco expõem uma forma de protesto ao modo de governo da época. 

Sabendo de tudo isso, é impossível não recomendar esse álbum. Com letras e metáforas intrigantes, Chico nos faz refletir sobre assuntos de suma importância à nossa volta. E, apesar de parecerem composições antigas, os trechos são mais atuais do que pensamos, ainda mais no presente cenário político. É um privilégio poder desfrutar de suas obras tão bem escritas e, com certeza, é um ótimo exemplo de resistência em forma de arte.

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Vitória Rodrigues da Silva – Estudante do Curso Técnico de Química da Fundação Liberato – Turma 1423

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