Equipe de futsal Liberato: orgulho, união e aprendizado

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A história das participações das equipes desportivas da Liberato em competições sempre foram motivo de orgulho na Instituição. Muitos foram os troféus e medalhas ganhos nas diferentes modalidades e torneios, evidenciando o comprometimento educacional desta atividade extracurricular na escola, rico em socialização, integração, interação e cooperação, em troca de saberes, em oportunidade de desenvolvimento da responsabilidade e aquisição pró-ativa em relação ao esporte.

A equipe masculina juvenil de futsal da escola escreve a sua história na contemporaneidade da Liberato nestes 40 anos de existência. Desde 2006, sob  responsabilidade minha, Professor Marlon Luis Lucchini, alunos entre 15 e 18 anos de idade vêm representando a Instituição em competições municipais, regionais e estaduais, entendendo-as como um desafio a ser vencido, unindo-se e estudando formas para crescermos coletivamente com ética, honestidade e responsabilidade.

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Como professor da escola e responsável pela equipe coube a mim o importante papel de transmitir os valores advindos das participações nas competições de forma sadia e educativa, criando um ambiente favorável a esse objetivo e buscando, através de sua prática, ações que contribuíssem para o desenvolvimento pessoal do aluno, melhorando sua autoestima, sua autonomia e influenciando no desenvolvimento de seu caráter.

Sabemos que o esporte possui uma grande importância social. Em sua forma educativa, o esporte promove, através de sua prática, melhora nas relações sociais e na saúde, podendo desenvolver a autossuperação e o autocontrole, fatores importantes para o desenvolvimento dos alunos. Partindo dessa visão, projeta-se uma equipe através de uma prática esportiva educacional em que o aluno pode entender a diferença entre as equipes de rendimento de clubes, em que dependem das vitórias, muitas vezes a qualquer custo, para uma equipe de representação escolar, preocupada com a formação pessoal.

Acreditando que a equipe pudesse contribuir  para a formação de cidadãos edificados e para os valores que podem ser transmitidos por ela, participamos, nestes quatro anos de existência, de competições, como a Olimpíada Municipal de Novo Hamburgo, os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul – JERGS e do Estudantil Paquetá de Porto Alegre. Nesses eventos,  não olhei para os alunos participantes apenas com interesse em seu desempenho tático e físico nos treinamentos e torneios, mas como pessoas envolvidas num fenômeno chamado esporte, que fascina e fomenta o desejo de buscar, cada dia mais, a sua prática competitiva. Acima de tudo respeitei os seus limites e individualidades, tendo consciência de que cada aluno tem capacidades e habilidades diferentes.

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Resgatar a história e a memória de um trabalho desenvolvido, como é o caso de uma equipe escolar de futsal, é  possibilitar que este trabalho não termine, é valorizar o que foi feito até o momento, justificando a sua importância e o porquê de sua continuidade, além de também registrar feitos e momentos tão importantes para nós, professores e alunos envolvidos.

A primeira equipe de futsal, formada por mim em 2006, teve como principal objetivo a participação nas Olimpíadas Escolares de Novo Hamburgo. Apesar de não obter classificação para disputar as quartas de final da competição, obtivemos um aprendizado essencial para as próximas equipes e eventos, principalmente na organização prévia, ou seja, desde a seleção dos alunos para a equipe, nos treinamentos físicos e táticos e, sobretudo, na delimitação de critérios e valores para serem trabalhados.

A metodologia que desenvolvo com a preparação das equipes contrapõe-se ao modelo de equipes de alto nível, em que se busca exclusivamente o rendimento, não valorizando muito os valores interpessoais. Os objetivos da equipe de futsal que busco são pautados na participação de todos, possibilitando momentos de cooperação, de vivências, de socialização e de enriquecimento corporal e pessoal.

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Em 2007, com apoio da equipe de professores da disciplina de Educação Física e da Direção da Fundação Liberato, através do patrocínio da APM, escolhemos e confeccionamos um uniforme para a equipe, com as mesmas cores da bandeira da escola: branco, verde e vermelho. Outra importante característica dessa camisa é o brasão da escola estampado no lado esquerdo superior, na frente, e os nomes Liberato e Novo Hamburgo na parte superior das costas, conforme imagem abaixo. Com o objetivo de fortalecer a identidade do aluno da Liberato com a equipe, através da aquisição do novo fardamento, potencializamos o orgulho destes com a Instituição, através da representatividade desta equipe. Nesse mesmo ano, organizei uma seleção interna de alunos para participar dos treinos nas terças-feiras à noite. Muitos alunos se interessaram em participar da seleção, 50 alunos se inscreveram na “peneira”, em que foram selecionados 13 jogadores aptos para participarem dos treinos e competições, como, por exemplo, os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul – JERGS 2007 e 7º Estudantil Paquetá de Porto Alegre.

A participação inicial nesses eventos nos motivou o suficiente para que, nos próximos anos, nos preparássemos mais para enfrentar melhor os adversários. Apesar da não classificação nos dois torneios, aprendemos muito e aumentamos o valor dos treinamentos técnicos, táticos e físicos da equipe.

Em 2008, após a seleção dos alunos, começamos os treinamentos na Instituição, em que realizamos alguns jogos-treinos com times de alunos da escola. Ciente de que o futsal é um esporte altamente complexo, em que se manifesta, principalmente, a personalidade dos participantes nos treinamentos e competições, foi trabalhado, além do treinamento tático e físico dos alunos, o seu estado emocional.

É sabido que, na escola, a rivalidade entre os cursos técnicos é significativa e histórica, e, muitas vezes, este estado emocional é simbolizado através de diferentes equipes formadas nos próprios cursos. Dessa forma, os alunos organizam-se em equipes de futsal, com nomes e fardamentos para demonstrarem o seu orgulho com o curso técnico que frequentam na escola, participando de torneios e amistosos internos de futsal. Entre essas equipes, temos: Kings, Schalke 69, Magos da Bola, Moita#, Valência, Golden Boys, Galaticos da Meca entre outras.

Assim sendo, a equipe de futsal Liberato quebra esse paradigma entre os alunos e consegue uni-los em uma única equipe, representando a sua escola. Dessa forma, possibilitamos, através do esporte competitivo, a formação do aluno e o desenvolvimento de valores, como a união, o respeito às diferenças, a ética e o espírito de grupo, itens muito importantes na busca de uma sociedade mais igualitária e justa, sem preconceitos.

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Nesse mesmo ano, a equipe sagrou-se campeã municipal de Novo Hamburgo e regional do Vale dos Sinos no JERGS-2008 . Apesar da euforia e alegria pela conquista, trabalhou-se com os alunos que as vitórias obtidas não eram vistas como o principal e único objetivo da equipe. Também aprendemos  a trabalhar em grupo e para o grupo, a desenvolver valores éticos e valores morais, a conviver com a derrota e com a vitória, além de propiciar  prazer e lazer, importantes para a qualidade de vida.

Também nesse ano, participamos do 8º Estudantil Paquetá e obtivemos uma boa participação no evento, nos classificamos para disputar as oitavas de final. Novamente aprendemos com a derrota e estávamos convictos de que deveríamos nos preparar ainda mais, para enfrentarmos equipes fortes e bem preparadas que disputavam esse torneio.

Em 2009, não nos classificamos para a fase regional do JERGS, no entanto fomos mais longe no 9º Estudantil Paquetá, obtendo a 5ª colocação nesse torneio. Pela primeira vez, disputamos as quartas de final e, por muito pouco, não fomos adiante, o desafio ficou para a 10ª edição do estudantil. A motivação para a continuidade deste trabalho junto à equipe de futsal é de extrema necessidade para os alunos desempenharem ativamente as modalidades esportivas na escola. A conexão do professor com os alunos precisa existir sempre para um bom trabalho de longa duração, resultado que engrandece  ambos.

Para 2010, a equipe vem se organizando melhor, participando do edital interno 001-09 do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Atividades – Inova Liberato, obtendo aprovação por ser uma atividade de complementação curricular e adquirindo os recursos necessários para a sua execução e participação nos JERGS 2010 e 10º Estudantil Paquetá de Porto Alegre.

Mais do que nunca está comprovado que as equipes estudantis trazem diferentes benefícios aos alunos, como, por exemplo o espírito de grupo, a cooperação, a responsabilidade, a solidariedade e o comprometimento com o grupo. Dessa forma, projetos como este, além dos benefícios trazidos aos estudantes,também é uma forma de divulgar o nome da escola em nível municipal, regional e estadual.

As equipes masculinas juvenis de futsal, formadas por alunos da Liberato, nesses quatro anos, foram pautadas em objetivos claros, conforme já explicitado no texto, para que se obtivesse um trabalho de cunho educativo. Acredito que isso pode acontecer, já que não se teve como objetivo somente os resultados das competições, como, por exemplo, as vitórias, conquistas e derrotas,mas a todo o processo que envolveu os alunos, ou seja, mostrando valores, como a importância dos adversários para que houvesse os jogos e competições, a possibilidade de formar vínculos de amizade e a integração social através da prática escolhida.

Com este trabalho na equipe de futsal, pude ver que as ações desenvolvidas foram vistas como conteúdos a serem aprendidos por todos os alunos; sendo assim,não só todos devem jogar um tempo significativo nas partidas, como também ter acesso ao conteúdo da competição, sua organização, preparação, discussão e avaliação. Seria muito fácil, para nós, educadores, apenas negar a participação nesses eventos, inviabilizando um conteúdo rico e vasto na área da Educação Física. Seria como desvalorizar um conteúdo importante dos desportos coletivos.

O mais importante a ser observado no trabalho desenvolvido com as equipes é que elas foram envolvidas num ambiente de formação da personalidade do aluno e de valores que poderão ser transferidos para a sua vida. Vimos, através deste relato da história da equipe, que  se objetivou  trabalhar com os alunos muito mais do que a aptidão física, a aprendizagem motora, etc; houve, também, uma perspectiva crítica, levando-os a compreender que toda ação realizada por eles repercutiria  sobre seu comportamento e seus valores e normas.

Marlon Luis Lucchini
Prof. de Educação Física da Fundação Liberato,
Mestre em Educação.

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