Diante do desafio de fazer a apresentação desta Edição Especial da Revista Expressão Digital, a melhor possibilidade que consegui imaginar foi me ver nos corredores da MOSTRATEC, observando, ouvindo, aprendendo e admirando o que acontece ao redor. Aqui e ali, jovens pesquisadores concentrados, trabalhando, preparando seus recursos para a defesa de seus projetos de pesquisa. Aqui e ali, uma palavra em “portunhol”, uma conversa num esforçado inglês, a mistura de sotaques de todos os cantos do nosso Brasil. Uma grande escola, chamada MOSTRATEC está mais uma vez sendo construída.
Tantos filhos que saem da casa, como relata Luís Eduardo Selbach, têm histórias, trajetórias muito especiais e únicas. Que o diga Felipe Machado que, cruzando muitas fronteiras, vai demonstrar que projetos de “gente grande” podem ser desenvolvidos quando se somam esforços colaborativos entre as escolas, universidades e empresas. Filhos que crescem, de uma escola que cresce, de uma MOSTRATEC que se agiganta… O pesquisador Pedro Matos, em seu relato, mostra que entre o ensinar e o aprender, a pesquisa é um caminho que aproxima professor e aluno. Nessa proximidade, há a necessidade do suporte e embasamento dos professores, como revela o jovem William Lopes, hoje na linha de frente da ABRIC (Associação Brasileira de Incentivo à Ciência), revelando também o sentimento de gratidão endereçado aos educadores e à escola e o empenho em compartilhar, de jovem para jovem, a paixão pela pesquisa. Junto-me a você e ao Felipe Soares, reconhecendo, como Isaac Newton, a importância dos ombros que nos carregam para ver mais adiante. Ombros como os da Professora Wrana, nossa entrevistada especial, cuja contribuição para a ciência em nosso país sequer me atrevo a tentar dimensionar.
Em meio a uma feira científica e tecnológica, por que não a arte de um poema? Cláudia Masiero nos presenteia, “poemando” a MOSTRATEC. E a professora Sonia Machado, entre letras e linhas faz Santiago do Chile e Novo Hamburgo se tornarem irmãos, na meia distância do ano de 1994. O chão da MOSTRATEC vira Cordilheira…
Na linha artística da Revista, a aluna Franciele nos inquieta com uma narrativa onde olhos verdes de uma moça geram um tumulto dos grandes… Entre narrativas de infância perdida, de admiração e corações conquistados, surge, como é próprio do gaúcho, a noção de que não deixamos nunca de ser filhos nascidos da terra. Terra brasileira, Terra planeta, Terra que não temos opção senão de amar, já que somente nela podemos viver. Obrigado pela contribuição Liciene, Marina, Natália, Vanessa, Julia, Gabriel.
E por onde andam hoje, os participantes da MOSTRATEC de, digamos, uma década atrás? Daniele Uarte de Mattos traz sua trajetória e conta-nos como, de jovem pesquisadora premiada, passou a ser uma educadora do Ensino Fundamental, disseminando a pesquisa para os estudantes ainda mais jovens, alguns dos quais poderemos ver na MOSTRATEC Júnior. É o sonho de muitos cientistas e educadores brasileiros, ver a cultura científica tomando forma…
Eis que sinto uma onda passar por entre os estandes e me encharcar. É a onda de sonhos, querido professor Alberto Dal Molin, que por tantos anos batalhaste para que arrebatasse toda a comunidade formada por educadores, jovens pesquisadores e suas famílias, curiosos em geral. Essa onda continua sendo surfada, mergulhada, explorada, impulsionada por muitos que abraçam teu legado. Desde o tempo do disquete, professora Marlise, desde antes do disquete e até os dias em que muitos já não se lembrarão do disquete, qualquer atividade que se pretenda grandiosa como esta com a qual nos envolvemos precisará do empenho e da dedicação de muitas pessoas em cada etapa da organização.
Mais do que sala de aula, a educação que queremos precisa estar conectada ao que acontece no mundo, ao que empresas e instituições desenvolvem no que diz respeito à sustentabilidade e às tecnologias. Daí a importância de extrapolar os muros da escola e estar presente onde outras coisas acontecem, como relata a Professora Iula. Sabendo que esse processo tem duas vias, a utilização de ferramentas tecnológicas no ensino tem se mostrado uma necessidade para que alunos se sintam mais estimulados pelos conteúdos – o êxito da proposta aplicada ao ensino da Matemática é trazido pela professora Juliana. Da mesma Matemática, a professora Francine nos situa no contexto das Olimpíadas dessa disciplina, trazendo questões importantes para reflexão quanto ao seu formato.
Estamos num caminho sem volta… é que a criatividade, a inovação e a pesquisa não nos permitem voltar ao mesmo ponto de partida de outrora. Que bela jornada essa que descreves, professora Íris, nos apresentando a FEICIT – o embrião da MOSTRATEC, hoje reinventado. Na mesma onda, a professora Maira vem mostrar que faz parte desta feira o 19º SIET, integrando experiências e possibilidades para crescermos ainda mais com as vivências uns dos outros, porque nada do que fazemos, em ciência, conhecimento e educação, será suficiente…
Voltando-nos ao dia a dia da Fundação Liberato, faz-se necessário apresentar o Núcleo que tem o desafio de congregar tantas atividades desenvolvidas por esta escola na busca por sua excelência. Tudo o que fazemos é com vistas ao projeto maior de formar pessoas críticas e responsáveis, e as colegas Ana Izabel e Rogéria apresentam como o Núcleo de Educação, Cultura, Esporte e Ciência & Tecnologia tem atuado como agente de sinergia entre tanta diversidade de desafios assumidos por esta escola. Pessoas críticas e responsáveis nos alertam, como a aluna Kimbelyn Veríssimo, no relato sobre o sabão ecológico apresentado pela professora Aline Bicca: “…vá pôr em prática algo que realmente faça a diferença”.
A diferença que podemos fazer, arrisco-me a afirmar, começa na nossa forma de observar. A beleza de um círculo perfeito, belas flores polinizadas, o doce do maracujá… O professor Irineu nos convida a olhar o mundo de forma diferente, sabendo aproveitar o conhecimento científico para, assim, buscar o belo ao nosso redor.
Enfim, entre memórias e história – como nos mostra o professor Edimar – há um infinito que nós, “seres inconclusos” temos a aprender. Este inconcluso ser, aglomerado de células que aqui escreve, saúda a transformação de tantas vidas por uma escola, pelo sonho de uma educação plena, por tudo o que não damos conta de descrever e que vem desembocar na 27ª MOSTRATEC. Muito se transforma com o tempo e com as condições adequadas, como bolhas de sabão, no poema da professora Carmen, que mesmo passageiras, voam, embelezam, encantam…
Meu agradecimento profundo e verdadeiro a todos os envolvidos neste projeto, em especial à equipe editorial! Com certeza, o resultado de tanto trabalho está valendo a pena.
E a todos os que nos lêem, seja pela versão impressa, seja pelas telas, desejo uma excelente e transformadora leitura!