Sobre bandos e grupos

Houaiss era um gênio. Filiado de carteirinha ao PSB – Partido Socialista Brasileiro, nos tempos em que o PSB era socialista, definiu bando como: “os integrantes de um partido ou facção”, mas também como “grupo de pessoas que atua em atividades ilegais ou antissociais; quadrilha”. Já grupo é definido como: “conjunto de pessoas ou coisas dispostas proximamente e formando um todo, conjunto de indivíduos com características, objetivos, interesses comuns”.

Embora um bando seja necessariamente um grupo, a gestão, desde o micro até o macro empreendimento, de empresas, instituições e dos países está muito mais para bando do que para grupo, e isso desencadeia nos gestores e na própria gestão uma paranoia que torna o processo de gestão pesado, caro, demorado (para atingir seus objetivos) e, às vezes, inexequível. O principal é, segundo alguns, “não criar conflitos”.

Nos empreendimentos que envolvem eleições, não há a menor chance para o eventual candidato, hoje em dia, se não for constituído um bando. Isso é válido tanto para a eleição do Governo Federal quanto para as eleições das escolas estaduais. Um bando é constituído de acordo com interesses pessoais e não no bem comum, pois este último está necessariamente vinculado a uma ideia ou ideologia. Primeiro eu, e depois os outros, esse é o mote que movimenta o mundo, é o capitalismo chegando ao seu extremo. Demóstenes até “estava” no DEM, mas, segundo escutas telefônicas, o partido não estava mais se adequando aos seus interesses e a do seu bando, por isso, quem sabe, seria interessante mudar-se para o PMDB. Já o PCdoB, após desenvolver o projeto de lei que agrada ao bando do “agronegócio” ou à bancada ruralista, flerta com o PP, para eleger a prefeita de Porto Alegre. Os eleitores encantados com a sua capacidade filosófica expressa na frase “e aí, beleza? não deixarão de conduzi-la ao cargo, abrindo as portas (já semiabertas), para a nova governadora que logo virá. Ideologia? Vale lembrar: ” eu quero uma para viver!”

Na educação não é diferente, é necessária a formação dos bandos para ir-se em frente! O Conselho Estadual de Educação, órgão máximo que define as regras de ensino, é uma verdadeira confusão. Há de tudo: sindicalistas, representantes de partidos e etc. Técnicos de verdade, com longa experiência e história em sala de aula, desconheço totalmente.

A SUEPRO (Superintendência do Ensino Profissional), agora desmantelada tendo em vista a sua incapacidade de gerenciar o ensino profissional do Estado, bem como se constituir uma “estrutura paralela” à  Secretaria, foi reorganizada junto ao gabinete do secretá¡rio, mas, mais uma vez, em vez de técnicos, como era de se esperar, se constituiu um bando que pouco tem em comum com o ensino profissional do Estado. Não é para menos que nos tornamos um Estado ridículo em educação técnica e superior. Comparados à  Santa Catarina, onde a universidade federal que existe lá, praticamente foi fundada por gaúchos, temos hoje, aqui uma única universidade estadual, que funciona mal, enquanto lá, além dos IFES, existem ainda mais seis (06) universidades públicas diferentes, destas, cinco (05) são mantidas pelo estado e municípios. Quanto ao ensino profissional, veja em:

http://www.educacaoprofissionalsc.com.br/comunicacao/artigos/202-a-rede-estadual-de-ensino-de-santa-catarina-e-a-educacao-profissional.

Dez a zero nos gaúchos. Talvez lá ainda funcionem melhor os grupos. Quanto a mim, neste contexto todo, prefiro seguir o velho ditado: “melhor só do que mal acompanhado”.

Prof. Irineu Alfredo Ronconi Junior Prof. do Curso Técnico de Eletrônica Fundação Liberato

Prof. Irineu Alfredo Ronconi Junior
Prof. do Curso Técnico de Eletrônica
Fundação Liberato

 

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