A estrutura narrativa é tema de estudos da linguagem nas primeiras séries do Ensino Médio. Para introduzir seus elementos e observá-los na prática, o estudo de conto foi o recurso utilizado nas aulas de Língua Portuguesa. A obra utilizada foi Contos de amor, de loucura e de morte, de Horacio Quiroga¹. Os temas abordados há cem anos na obra foram comparados com o impacto que teriam hoje na atualidade, de maneira a perceber como vários medos podem ter sido superados com a ajuda da ciência e da medicina e como alguns ainda persistem, como a doença mental e a morte. Depois das leituras, discussões e reflexões, passamos para a prática da escrita criativa na elaboração de contos. Para isso, foram sorteados temas para a produção de uma narrativa que envolvesse a presença do discurso direto. Os tópicos foram: personagens, lugares, transporte, objeto, situação. Assim, um estudante poderia sortear, por exemplo: bailarina, agência bancária, carruagem, pé-de-cabra, campeonato de futebol de botão. Todas essas palavras deveriam constar no conto produzido.
Em paralelo à escrita e à discussão das produções, foram sendo estudados os fundamentos da produção de vídeo, especificamente o curta-metragem, conforme a aplicação da metodologia PVE². Para o roteiro de um curta, é possível se inspirar em um conto, uma vez que há um conflito definido, poucos personagens com um tempo curto. Levando em conta essa possibilidade, para o passo seguinte, os estudantes se organizaram em grupos para discutir a viabilidade que o conto produzido por cada um poderia ter para se transformar em um roteiro. A partir da escolha feita, o conto foi adaptado em argumento: a narrativa começou a trazer as ações no tempo presente, e foram escolhidas as possíveis locações para as cenas. Nos encontros seguintes, foram descritos os personagens, seus objetivos, idades e características físicas e psicológicas, de maneira que no grupo já foram pensados os atores e quem assumiria a arte para auxiliar nas caracterizações. Depois, foi elaborada a escaleta, com a distribuição das cenas, com tempo e locações. Por fim, o roteiro foi elaborado com as falas distribuídas nas cenas.
Depois de toda parte que envolveu a teoria e o planejamento, enfim chegou a prática. As gravações foram iniciadas, e a Liberato passou a ser a base das filmagens, uma vez que os estudantes são de cidades diferentes, e o encontro na instituição favorece a organização das equipes. Assim, agosto chegou, e a escola se tornou um set de filmagens. Para a figuração, funcionários, professores e até os cachorros passaram a compor as obras. Selecionamos alguns relatos e algumas imagens sobre a produção de curta-metragens.
Maria Emília Lubian
Professora de Língua Portuguesa e Literatura
Fundação Liberato
A outra
Jennifer P. de Souza – 2124
Fazer esse trabalho foi bem desafiador e divertido ao mesmo tempo. Cometemos tantos erros nas primeiras filmagens, que várias cenas tiveram de ser regravadas e, apesar dos perrengues para gravar, no fim, deu tudo certo. Durante as filmagens, sem dúvidas, as gêmeas foram as que mais sofreram, tiveram que se deitar no chão e encher o cabelo de folhas…
Quem somos nós?
Kaua Marcelino Dalbão – 4124
Pensei o que escreveria aqui e como registraria ‘eternamente’ uma fração da minha vida e o esforço em forma de arte, compartilhada com meus colegas. Nunca pensei em fazer parte disso antes, até porque nunca tive pessoas para isso, mas esse trabalho, de certa maneira, levou um pedaço de mim para si. Esses somos nós.
Uma volta para o passado
Filipe Costa Menezes – 4123
A experiência de gravar um curta-metragem foi uma ideia desafiadora, visto que somos compostos por leigos na área… Sobre as gravações, caramba! São a prova clara de que nem tudo ocorre como deve. Algumas discordâncias sobre como a história deveria transcorrer foram surgindo, e algumas improvisações aconteceram. As gravações duraram cerca de uma semana e meia e aconteceram inteiramente na escola.
Há alguém entre nós
Bruno Müller de Moraes – 2123
Gostamos muito de gravar o curta. Foi uma tarefa divertida, mas bem difícil de se realizar, pela sua natureza complexa. Muitas das vezes entramos em discussões importantes, que nos ajudaram a resolver o decorrer da história. Os papéis foram facultativos e muito interessantes, pois tentamos encaixá-los com as características dos próprios atores. Por fim, esse trabalho foi muito importante para desenvolvermos o “como trabalhar em grupo”.
1. QUIROGA, Horacio. Contos de amor, de loucura e de morte. Tradução de Johm O`Kuinghttons. Rio de Janeiro: Editora Azougue, 2018.
2. PEREIRA, Josias et al. Produção de Vídeo Estudantil – a hora e a vez do aluno. In: MICHELON, Francisca Ferreira; BANDEIRA, Ana da Rosa. A Extensão Universitária nos 50 anos da Universidade Federal de Pelotas. Pelotas: Editora da UFPel, 2020. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/gp2ve/files/2021/03/producao-de-video-estudantil-a-hora-e-a-vez-do-aluno.pdf. Acesso em: 3 out. 2022.