espaço para intervalos de construção de autonomia e protagonismo estudantil no Ensino Médio Técnico
O Clube de Relações Internacionais da Fundação Liberato foi criado no ano de 2017 pelos estudantes da escola. A iniciativa vinha sendo aventada desde que iniciamos a nossa participação em eventos de extensão universitária que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS organiza anualmente. Primeiramente, participamos do UFRGS Mundi em 2012 e depois passamos a receber os estudantes do projeto BIS – Back in School na escola.
Os estudantes passaram, então, a organizar reuniões periódicas para debater temas pertinentes a um clube de relações internacionais. Eles constituíram uma representação e ficaram encarregados de pensar a programação dos encontros e o método de discussão da temática escolhida. As abordagens escolhidas ao longo desses cinco anos foram variadas, indo desde o processo eleitoral brasileiro, passando pelos conflitos históricos no Oriente Médio, até a atualidade, como a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Para que o momento do encontro funcione, há uma preparação prévia da abordagem e muitas vezes especialistas nos assuntos são convidados para palestrar. Em geral, as reuniões acontecem nos intervalos das aulas, muitas vezes no horário do almoço, pois é preciso fazer uma verdadeira ginástica na agenda para que os estudantes dos diferentes cursos e séries possam participar.
Durante a pandemia da covid 19, as reuniões passaram para o formato on-line, como todas as atividades que foram possíveis. Nesse formato, pesquisadores de outras instituições foram convidados para apresentar suas análises. Um exemplo disso foi o que aconteceu na Semana de Relações Internacionais. Nesse evento, houve a abordagem da temática das mudanças climáticas e as consequências para o futuro da humanidade.
Mas por que nós, professoras de Sociologia e de Geografia, estamos escrevendo isso? Porque acreditamos que o Clube de Relações Internacionais, criado a partir da iniciativa dos estudantes, pode tornar-se um espaço de aprendizagem muito importante para eles, constituído dentro de uma escola de Ensino Médio Técnico, como é a Liberato.
Atualmente, as escolas estão absortas pensando na BNCC e sua implementação. A nova Base Curricular traz à tona conceitos muito importantes para a formação escolar das juventudes contemporâneas, como protagonismo. No entanto, esses encontros que ocorrem entre as aulas, nos intervalos possíveis, mostram-nos como os estudantes escancaram a sua percepção de protagonismo e de autonomia. E, ainda, evidenciam que as noções de democracia são resultado de construções cotidianas. A compreensão de democracia está associada à dimensão prática da vida escolar comunitária.
Durante as reuniões do clube de RI, os estudantes estão construindo sua formação crítica e cidadã, observando e discutindo o mundo com autonomia, fazendo uso, assim, das ferramentas conceituais e analíticas que a sala de aula possibilita.
Esses momentos potencializam a capacidade de ouvir e respeitar o outro, a possibilidade de construir conhecimento com o colega. São espaços em que o estudante pode se permitir errar e acertar, sem a preocupação da avaliação do professor. São verdadeiros espaços de construção de um exercício mais livre de pensamento, possibilitando, dessa forma, autonomia e protagonismo dos estudantes bem como a percepção da dimensão democrática no cotidiano escolar.
Link para o perfil do grupo no Instagram: https://www.instagram.com/clubederiliberato/
Hildete Flores Rodrigues e Maira Graciela Daniel
Professoras da Fundação Liberato