Entropia

stars-maior As estrelas são orgulhosas! Talvez os seres mais orgulhosos de todo o universo… Elas também são egoístas de certa forma… Pois elas podem ditar, sozinhas, a extinção de inúmeras espécies de um sistema solar. E, quem sabe, de sistemas próximos também. Elas são orgulhosas, pois, até mesmo em sua morte, especialmente em sua morte, elas ostentam suas cores, seu brilho, seu calor… Sua radiação, sua destruição…

As estrelas são provocadoras. Despertam inveja nos seres humanos há milhares de anos. E quem me dera ser uma estrelinha, para poder, lá de cima, sempre te acompanhar.  Inspirado nesse pensamento, nós, igualmente orgulhosos, dissemos que nos tornaremos estrelinhas ao morrermos… Ah! Que tola ideia humana! Ainda assim, muito romântica. E, por isso, me atrai. Por que pensar que tudo apenas deixará de existir, se posso me tornar em uma estrela para o céu noturno iluminar? O único ponto doloroso desse pensamento é que as estrelas costumam ficar longe uma das outras. E, como quando estrelinha, eu não gostaria de te abandonar… Mesmo que encontrasse um destino de destruição, devido à aproximação de outra estrelinha, eu aceitaria. Aceitaria, pois as estrelas, e apenas as estrelas, são eternas. Até que venha a entropia do universo. E se, por toda eternidade, eu pudesse te orbitar, atrapalhando teu campo gravitacional, fazendo dançar por entre o espaço gélido e isolado, assim eu o faria. Ao menos… Assim… Eu teria certeza de que por perto sempre estarei.

E não seria a entropia, por si só, um ato egoísta das estrelas? As estrelas se tornando os seres que delimitam o fim de tudo no universo. A extinção de todos os seres. A destruição de todas as sociedades, de todas as máquinas, de todas as relíquias do passado e a obliteração de um futuro. 

Quem me dera ser uma estrelinha… Pois, já que a entropia é inevitável, eu poderia, ao menos, estender minha condição humana de ter um prazo de validade curto. Eu poderia, ao menos, sempre ao teu lado estar. Até nossos corpos, por fim, esquentarem. E esquentarem. Esquentarem. No mais belo show de fogos de toda eternidade. Um carnaval de cores, o vermelho, o verde, o azul, o amarelo e o violeta. Todas as cores dançando juntas entre ondas e mais ondas oscilantes que ditam uma condição inevitável, nós esfriaríamos. Ao repouso absoluto.

Lucas Cecatto Estudante do Curso Técnico de Eletrônica Fundação Liberato

Lucas Cecatto
Estudante do Curso Técnico de Eletrônica
Fundação Liberato

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