Holocausto brasileiro

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Júlia da Silva Colombo
Estagiária do Curso Técnico de Eletrônica
Fundação Liberato

Holocausto brasileiro conquistou dois títulos de Melhor Livro-Reportagem logo no seu primeiro ano de publicação. A obra foi lançada em 2013 pela Geração Editorial e marcou a estreia da jornalista Daniela Arbex como escritora de livros. Naquela época, Daniela já havia se formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora e construído sua carreira no jornal Tribuna de Minas, através do qual conquistou reconhecimento pelo seu trabalho como repórter investigativa. Atualmente, a autora acumula mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, livros-reportagens best-sellers, além de documentários e séries baseados em sua obra – incluindo Colônia (2021), produzido pela Globoplay, e Todo dia a mesma noite (2023), pela Netflix.

O livro é organizado em capítulos ilustrados com dezenas de fotografias em tons de preto, branco e cinza – tanto atuais, quanto da época em que o “hospital psiquiátrico” em questão era ativo. A escrita em forma de reportagem percebida ao longo das páginas é colocada também na capa, que mostra o título em amarelo, seguido do subtítulo: “Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”.

O livro apresenta uma visão jornalística e humanizada de uma das maiores tragédias do nosso país: o hospício Colônia, usado – durante mais de meio século – como campo de concentração e extermínio para prostitutas, homossexuais, meninas que engravidaram de estupradores, desabrigados e esquizofrênicos. A jornalista investiga a história de ex-funcionários e vítimas do Colônia, buscando respostas sobre como essa terrível situação foi aceita e mantida escondida por tanto tempo. Ao longo dos capítulos, o(a) leitor(a) conhece, ainda, as marcas deixadas em pessoas afetadas de diferentes formas pela tragédia: os pacientes que entraram aos 12 anos e só voltaram a vestir algo além de um pedaço de pano aos 60; as famílias que perderam os filhos para o lugar que achavam ser a sua “cura”; os empregados que viram, diariamente, pessoas morrerem de frio, de desnutrição e em sessões de choque.

A obra que inspirou a produção da Globoplay é um livro que, numa reunião de memórias, luta contra o esquecimento, revelando o que tanto se tentou esconder. Entrar em contato com a profunda escrita da Daniela e o impecável trabalho dos fotógrafos é uma experiência única. A crueldade do que é lido nas páginas dói, angustia e frustra, porque faz o(a) leitor(a) se perguntar: “como eu não sabia disso, algo tão estrondosamente ruim que aconteceu aqui pertinho?”. Assim, ler o Holocausto brasileiro se mostra como uma oportunidade de valorizar mais o trabalho de jornalistas como Arbex, para que não precisemos nos fazer essa mesma pergunta outras vezes.

ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração Editorial, 2013.

ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração Editorial, 2013.

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