EIXO CULTURA DA FUNDAÇÃO LIBERATO:

UMA PONTE PARA ENTENDER NOSSO ADOLESCENTE

eixo-cultura-1

Você tem sede de quê?¹

Um dos versos da conhecida música da banda de rock paulista, Titãs, pode representar um caminho de análise quando a intenção é entender um pouco o público que vem se renovando, ano após ano, nas primeiras séries de nossa escola: o que esse jovem deseja para si e para o mundo? Como atender seus anseios em harmonia com o propósito da escola: compartilhar o conhecimento científico e a experiência de vida que faz de nós, seus professores, figuras importantes para a organização de seu universo?

A mesma canção se compromete a responder à pergunta que muitas vezes não chega a ser clara nem para adultos e muito menos para adolescentes: A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. De maneira metafórica, o conhecimento científico compartilhado diariamente com os jovens pode ser entendido como a comida de que precisam e que buscam neste ambiente. E a diversão e a arte? São elas responsabilidades da escola também?

Para contribuir com a resposta, propõe-se uma pequena conta: um estudante fica em média 30 horas por semana na escola, envolvido exclusivamente com as disciplinas obrigatórias. Se esse estudante precisa de reforço/monitoria, ele precisa dedicar pelo menos mais um turno, cinco horas de estudo extra. Se ele leva uma hora para vir e uma para voltar, somam-se na semana mais dez horas de deslocamento. Isso sem falar no tempo de estudo, fechado no quarto, para dar conta de provas, trabalhos, apresentações. O estudante da Liberato vive ao redor da escola e suas demandas durante quase toda a sua semana. Onde mais ele vai reivindicar seu direito à diversão e à arte?

É nesse sentido que o Eixo Cultura procura atuar na rotina de seus estudantes. Sendo um dos fóruns de discussão organizados pela Fundação Liberato, o Eixo Cultura assume esse compromisso em sua agenda. Criado em 2010 e ligado ao Núcleo de Educação, Cultura, Esporte e Ciência & Tecnologia, tem como função organizar a agenda cultural da Instituição, assim como estabelecer diálogos com os demais eixos e segmentos da escola.

Tradicionalmente, cabe ao Eixo Cultura e aos coordenadores das atividades culturais dinamizar ideias de estudantes e professores envolvendo o contexto artístico programado para o momento. Assim, o Eixo Cultura promove e garante o desenvolvimento de uma das dimensões da juventude, a cultural. De acordo com Dayrell e Carrano (2014)2,

O mundo da cultura aparece como um espaço privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais onde os jovens buscam demarcar uma identidade juvenil (p. 115).

É notório o quanto a identificação com esses símbolos e rituais é importante para os estudantes, sendo eles, muitas vezes, pontos de ancoragem para seguirem dando conta dos desafios acadêmicos apresentados a cada semana: não há um uniforme único da escola, mas a camiseta de gincana quase todo estudante tem; o acolhimento dos “bixos” já se tornou um ritual que a cada ano é passado de geração para geração… entre pinturas e cartinhas, a prática se renova a cada início de ano letivo.

Para dar conta desse objetivo, portanto, o Eixo se organiza em duas direções: coordenar os eventos culturais da agenda escolar e promover o estudo e a discussão de temáticas referentes ao jovem a fim de que toda a comunidade escolar esteja, cada vez mais, conectada a esse estudante adolescente, cujo início da juventude coincide com sua entrada na Fundação Liberato.

Se “É na relação com o outro que aprendemos a reconhecer as nossas próprias limitações, a entender que não nos bastamos e que a diferença nos enriquece […]” (Dayrell; Carrano, p. 125), pode ser também que, nessa relação, a adolescência possa ser vista como uma nova, surpreendente e incrível forma de encarar a vida.

1. TITÃS. Comida. São Paulo: WEA, 1987. Disponível em https://www.letras.mus.br/titas/91453/. Acesso em 07 ago. 2023.

2. DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo. Juventude e ensino médio: quem é este aluno que chega à escola. In: DAYRELL,Juarez; CARRANO, Paulo; MAIA, Carla Linhares (org). Juventude e ensino médio: sujeitos e currículos em diálogo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. p. 101-133.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *