No reflexo de uma bala

Em toda minha vida, nunca pensava que acabaria tudo assim, que o fim seria uma simples bala de calibre vinte e dois, que agora voa pelo ar, podendo arrancar tudo, desde a vida até sonhos inacabados. No reflexo dessa bala, podia ver o passado, quando tudo começou e como chegou até esse fim. Tudo isso iniciou naquele beijo.

Aquela ruiva de longos cabelos e olhos cor de mel, parecia me devorar a cada olhar. Eu a vi pela primeira vez no metrô, à noite, enquanto voltava para casa, cansado. Era impossível não notar tal beleza esplêndida, era como se ela atraísse meu olhar e como se ela me olhasse desde que eu entrei naquele vagão.

Quando as portas do vagão abriram novamente em outra estação, ela lindamente se levantou e pude notar como era perfeita, era um simples anjo perfeito em minha frente! Não era ali minha parada, nem perto, mas não podia perdê-la de vista, então, saí junto a ela e botei-me a seguir tal perfeição.

A cada passo que dava, minha ansiedade aumentava e eu me perguntava o porquê dela me chamar tanta atenção. Eu não sabia, mas esperava logo descobrir. De repente, ela para, em um lugar sem movimento, sem nada, um beco escuro, ela havia me notado e, então, com sua bela voz falou – Eu sei que você esta aí, pode aparecer. Eu, quase sem ação, dei um passo para o lado, ficando embaixo de uma das únicas luzes que havia no local.

Quando apareci, era como se meu coração fosse estourar e como se eu sentisse um calor infernal. Ela deu meia volta e veio com uma beleza arrebatadora em minha direção, cada passo ecoando no beco e seguindo a batida do meu coração, sem falar mais nada, me deu um beijo. Um doce beijo, o melhor de todos que eu já provara. Era como se finalmente o destino sorrisse para mim. A partir daquele momento, passamos a nos ver todos os dias e a cada encontro, nosso amor só aumentava, assim como o tempo em que ficávamos juntos.

Nossa vida estava perfeita, (digo muitos mais que isso), eu estava nos céus até o dia de hoje. Nós passeávamos de mãos dadas, rindo e felizes, como se nada pudesse nos parar, porém, hoje à noite, enquanto andávamos na praça, entre alguns beijos, aparece um cara, simplesmente do nada.

O homem parecia assustado e nervoso, como se toda a pressão do mundo houvesse caído sobre si. Ele apontou uma arma para nós e pediu o que tínhamos de valor, mas, antes mesmo que eu pudesse falar algo, ele disparou em nossa direção.  Eu empurrei meu amor para o lado, ficando, assim, na linha de tiro, como estou agora.

Então, a bala entrou diretamente em meu peito e só pude enxergar as estrelas daquela bela noite e meu anjo de longos cabelos ruivos chamando por socorro e pedindo que eu não a deixasse. No fundo, podia ouvir os passos do atirador correndo e a última coisa que lembro, é o barulho de ambulância e a doce voz do meu amor.

Luis Henrique Kolba Aluno do Curso Técnico de Eletrotécnica

Luis Henrique Kolba
Aluno do Curso Técnico de Eletrotécnica

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