A Pesquisa Científica na Fundação Liberato

A educação pela pesquisa propicia ao aluno a possibilidade de aprender a aprender, desenvolvendo competências através da busca do conhecimento, mudança de postura e superação de novos desafios. A trajetória da pesquisa científica na Fundação Liberato passou por diversas ações que envolveram a pesquisa sob diferentes aspectos, iniciando com a primeira feira de ciências organizada para oportunizar aos alunos a exposição de trabalhos de pesquisa à comunidade escolar, ao final dos anos 70. Em um processo evolutivo, a feira que, inicialmente, foi idealizada para os alunos da escola, em 1985, passou a receber trabalhos de escolas da região e, em 1990, contou com a participação de alunos provenientes de diferentes estados brasileiros. Quatro anos mais tarde, a feira passou a ser internacional. Essas feiras têm importante papel motivador, pois a crescente participação de alunos provenientes de outras instituições e a consequente qualidade dos trabalhos apresentados levam a uma mudança de perfil gradativa, exigindo mais qualificação nos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos alunos da nossa escola.

O Eixo Ciência & Tecnologia tem, a cada ano, trabalhado em ações que promovem a qualificação e divulgação da pesquisa científica dentro e fora da escola. Uma das ações do Eixo C&T, em 2013, foi a implantação de uma proposta de acompanhamento direcionado aos alunos pesquisadores que participam de feiras de iniciação científica no Brasil e no exterior. Cada feira tem características próprias que envolvem questões importantes, como critérios de avaliação, organização da feira, tempo de apresentação, entre outros, além dos fatores culturais do país ou região em que ocorre o evento. É uma diversidade muito grande de informações que, muitas vezes, não chega ao aluno credenciado, o qual, em algumas situações, se sente perdido e sem apoio. A ideia é dar o suporte necessário para que esses alunos sintam-se preparados para os eventos em que irão representar a escola.

Outra atividade de grande abrangência que contou com a atuação de integrantes do Eixo C&T foi a parceria estabelecida entre a Fundação Liberato e a Secretaria Estadual de Educação. Vários encontros pedagógicos foram promovidos pela SEDUC e por várias CRE’s (Coordenadorias Regionais de Educação) do estado durante o primeiro semestre de 2013 direcionados aos profissionais da rede estadual de ensino. Professores integrantes do Eixo apresentaram a palestra sobre o tema Método Científico/Técnicas de Pesquisa – “Educar pela Pesquisa”, expondo a experiência e a trajetória da Fundação Liberato e a utilização da pesquisa científica como instrumento pedagógico. Foram quase 4000 profissionais da educação atendidos em cerca de 20 municípios do estado.

A utilização da pesquisa científica como instrumento pedagógico no processo ensino-aprendizagem teve uma mudança significativa a partir de 2009, quando foi incluída a disciplina de Projetos de Pesquisa na grade curricular, com um período semanal nas primeiras e segundas séries de cada curso. A criação de uma disciplina exclusiva para o ensino da pesquisa surgiu pela necessidade de oportunizar aos alunos o aprendizado da metodologia científica de maneira sistemática nos cursos técnicos. Dessa forma, os alunos têm toda a base necessária para o desenvolvimento de diferentes tipos de pesquisas seja científica ou tecnológica. A inclusão dessa disciplina no currículo veio acompanhada de muitas dúvidas. Como adequar os processos de aprendizagem pela pesquisa, considerando as peculiaridades que são inerentes a cada curso? Que professor está habilitado a assumir essa tarefa? Que conteúdos abordar, considerando a carga horária disponível? Enfim, experiências foram e ainda estão sendo realizadas com o objetivo de deixar essa disciplina com estratégias comuns, considerando o foco de ensino pela pesquisa realizada em cada curso.

O Conselho de Revisão Institucional (CRI) é um conselho multidisciplinar formado por profissionais da Fundação Liberato, cuja função é revisar os planos de pesquisa elaborados pelos alunos quanto aos aspectos de ética e segurança e aprová-los antes de sua execução. Por execução, entende-se a coleta experimental de dados: a manipulação de materiais, substâncias, equipamentos, aplicação de questionários/entrevistas e outros procedimentos práticos. Levantamento realizado nos dados do cadastro do conselho permite comprovar e entender a importância da pesquisa para nossa instituição, pois, atualmente, cerca de 600 trabalhos de pesquisa são realizados anualmente em nossa escola.

No entanto, dificuldades ainda são observadas, pois o ensino pela pesquisa exige do aluno maturidade, troca na lógica de pensamento, planejamento das atividades e envolvimento extraclasse. Ao professor, também é necessário um envolvimento maior com a disciplina, constante atualização e acompanhamento das pesquisas desenvolvidas pelos alunos.

As competências adicionais que são observadas nos alunos que se envolvem e se dedicam à pesquisa, tais como capacidade de decisão, autonomia, organização, senso crítico e analítico, oratória, organização, além da melhora na percepção e no uso de textos confiáveis, nos fazem acreditar que a Fundação Liberato está no caminho certo, promovendo e propiciando aos alunos diferentes formas de aprender, estimulando o saber e formando técnicos integrados com as necessidades do mundo do trabalho e em consonância com a sociedade.

A transformação pela qual a Fundação Liberato tem passado nestes anos, superando desafios no processo de ensino pela pesquisa nas séries iniciais, culmina com os trabalhos de conclusão nos cursos técnicos diurnos: Empresas Virtuais, na Química; Projetos Tecnológicos, na Eletrotécnica*; PID – Projeto de Integração Disciplinar, na Mecânica e TC – Trabalho de Conclusão, na Eletrônica, o qual se pode observar na figura 1.

*A partir de 2013, a Eletrotécnica adotou o nome de Projetos Tecnológicos para os trabalhos de conclusão do curso.

 

figura M.Angelica

Figura 1 – Quadro resumo dos trabalhos de conclusão dos cursos diurnos da Fundação Liberato
Fonte: Müller, 2012.

Referências

MÜLLER, Deise Margô. Iniciação cientifica no Ensino Médio Profissionalizante: uma experiência possível. In: FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA, 2., 2012, Florianópolis. Mostra de pôsteres. 2012.

 

Maria Angélica Thiele Fracassi

Professora da Fundação Liberato

 

 

 

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