Quando se está na adolescência, não se tem a certeza sobre qual carreira gostaria de seguir. Comigo não foi diferente.
Na verdade, a minha participação na Mostratec tinha como objetivo a conquista de uma bolsa de estudos em uma universidade, para que eu e meu companheiro de projeto Jeferson Pehls pudéssemos cursar a tão sonhada Engenharia. E acabou se tornando um dos eventos mais importantes da minha vida.
Infelizmente, o nosso merecimento não acompanhou nosso entusiasmo, ocasionando um resultado decepcionante, uma vez que a falta de conhecimento e dedicação na aplicação de uma metodologia científica para o desenvolvimento do projeto tornou-o pouco atrativo para os avaliadores da feira.
Contudo, sob orientação de um astuto mestre e exímio motivador, Prof. Irineu Alfredo Ronconi Junior, no ano seguinte nós encontramos o caminho das pedras, onde podemos dizer que todas as etapas no andamento do projeto tiveram sincronia perfeita.
Assim, ao iniciar a Mostratec de 2007, estávamos lá, com um protótipo em funcionamento e com todo embasamento teórico da ideia e do sistema, mas acima de tudo, tínhamos construído a justificativa pela qual conseguimos convencer a todos os avaliadores a importância e viabilidade do projeto.
Ao final da feira, a nossa dedicação foi celebrada com a conquista de duas bolsas de estudo em universidades, e mais a participação na Intel-ISEF de 2008. E com esse prêmio, se criou uma nova etapa: a adequação do relatório para apresentação na feira americana. E essa adequação não se trata somente em tradução de idioma, mas sim uma tentativa mais direcionada de exibir a ideia e o projeto para um grupo de avaliadores que vive outra realidade.
Inegavelmente, nas apresentações aos avaliadores, podíamos notar a defasagem tecnológica entre a situação apresentada da realidade do Brasil, juntamente com a nossa proposta de solução, e a realidade dos Estados Unidos, algo que foi muito marcante.
Acredito que tivemos uma boa avaliação, devido aos comentários e elogios que ouvimos no decorrer da feira. Apesar de não sermos premiados na ISEF, essa experiência com estudantes de todo o mundo, somada a toda carga de conhecimento agregado ao longo do projeto dentro da Fundação Liberato, nos despertou uma grade paixão por pesquisa e desenvolvimento, voltada para sistemas e produtos eletrônicos, área que atuamos desde o início da vida profissional, vindo a constituir a empresa Eletrosmart – Produtos Eletrônicos, tamanho o interesse pelo setor. Criamos a empresa voltada para inovação e criação de produtos e serviços com o máximo de tecnologia agregada, utilizando nesse desenvolvimento uma metodologia baseada na mesma que nos proporcionou a conquista do 1º lugar geral da Mostratec.
Certamente a participação em feiras e eventos como Mostratec e ISEF é fundamental para pessoas que desejam algo mais, que tem internamente um espírito inquieto e que desejam se aprofundar em alguma área. E não se resume à ideia/projeto que se trabalha, mas sim toda a enorme gama de conhecimento técnico e, principalmente, conhecimento pessoal/interpessoal que é estimulada na criação e desenvolvimento e posterior participação em feiras.
Todas as etapas dos projetos envolvem habilidades que, até aquele momento, não foram despertadas nos jovens, vindo futuramente a ser crucial para a atuação profissional e também a vida social, como por exemplo, a ISEF que permite conhecer um país incrível como os Estados Unidos e pessoas de todas as culturas.
De uma coisa estou certo: devemos todos apostar na ideia de estimular o maior número possível de estudantes para que participem de projetos e feiras, ainda mais para os jovens da região que possuem uma feira com tamanho reconhecimento, tanto nacional quanto internacional, como a Mostratec, na “porta de casa”. Vou ser taxativo: para quem é do Liberato então, com todos os professores incríveis da Fundação a disposição, não há desculpa! Certamente é uma oportunidade única!
* Relato integrante do Histórico – MOSTRATEC: Cruzando Fronteiras
Jader Augusto Dieter