A canção de protesto

Um projeto para além do gênero textual

Com o objetivo de participar das celebrações referentes aos 50 anos da Ditadura Militar no Brasil, os alunos das primeiras séries do curso de Mecânica e da turma 1124, do curso de Química, foram convidados a conhecer um pouco da influência da música no cotidiano de jovens artistas em uma década que, para essa gurizada, está muito distante.

O projeto de trabalho com o gênero textual canção de protesto ou canção popular permitiu que se analisassem diversas canções tidas como uma das poucas vias de expressão de uma sociedade impactada com a perda da liberdade em todas as esferas de sua vida, inclusive a liberdade de expressão. O que hoje, para nós, é tão comum, como o direito de falar o que pensamos, nos anos seguintes a 1964 era perigoso e, por vezes, fatal.

O trabalho desenvolvido em aula partiu da análise de algumas canções de protesto relativas à Ditadura, como Alegria, alegria, Pra não dizer que não falei de flores e Cálice. Ao longo das aulas, os alunos entraram em contato com o contexto social da época, com a estrutura típica de uma canção e com a temática “liberdade”. Mais do que parodiar as canções, o objetivo era atualizá-las, tendo como fundo a liberdade do jovem hoje, suas expectativas, sonhos, desilusões e medos.

Como exigência do próprio gênero textual, a apresentação do trabalho não poderia ser apenas escrita, ou não estaríamos respeitando a característica fundamental do gênero. Em grupos de até dez componentes, as turmas organizaram pequenos “festivais” em aula, cantando suas composições com acompanhamento musical.

O resultado, como é de se esperar dos alunos da Liberato, foi surpreendente: as composições vieram com a identidade marcada por uma juventude esperta, alegre, com ricas ideias e com a mente aberta aos desafios que vão surgindo. Todos os alunos foram envolvidos na atividade. Se houve uma época em que nossa voz foi calada, a voz desses jovens alunos de primeira série conseguiu expressar muito daquilo que eles esperam de nós.

 

Íris Lisboa

Íris Lisboa – Professora de Língua Portuguesa – Fundação Liberato

 

 

 

 

 

 

 

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