CONSELHOS DO AVÔ

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Sérgio, um garoto de quatorze anos, precisava de um conselho. Estava apaixonado por Luíza, sua colega, mas não sabia o que fazer. Pensava em se declarar para ela, afinal a pior resposta seria que ela não sentia o mesmo por ele. Conhecia uma pessoa que talvez pudesse ajudá-lo: Plínio, seu avô. O “pegador” da escola dos anos 60, que, apesar da idade, ainda usava as velhas gírias hippies que seu neto não entendia.

Ao chegar na casa do avô, sentiu o cheiro inconfundível de aromatizantes. “Ótimo, meu avô está chapado de novo”. Era fácil reconhecer o velho com seus longos cabelos grisalhos, o colar hippie, as roupas e o cheiro dos aromatizantes de seu narguilé.

– E aí, vô, como está? – cumprimentou o garoto.

– Chuchu beleza, meu chapa e você? Aposto que tem um monte de brotinhos correndo atrás de você.

Um pouco envergonhado, Sérgio falou sobre o seu problema, enquanto o avô dava longas tragadas no narguilé.

– Bah, em videogames eu sou ótimo mas com garotas sou muito “noob”.

O velho hippie pareceu não entender o que o garoto disse, talvez porque estava chapado ou porque era idoso e não entendia as novas gírias.

– Então meu neto está gamado em alguém. Por isso está borocoxô. É só aprender algumas coisas que vai ser fichinha conquistar esse brotinho.

– Espero que esteja certo – respondeu o garoto sem entusiasmo. Pensando: “Ótimo. Estou tão desesperado que aceito conselhos de um hippie chapado de 66 anos”.

O avô continuou:

– Primeiro; deve ser boa pinta e transado. Segundo: deve ser um bom pé de valsa e botar pra quebrar. Terceiro: pega leve, não seja um chato de galocha e não faça bode. Quarto: você não é pindaíba, tenha sempre dinheiro. E por fim o quinto e mais importante passo: arranje um carango maneiro, de preferência Dodge, pode pegar o meu emprestado, as chaves estão por aqui em algum lugar.

– Mas eu nem tenho idade para dirigir – responde o garoto.

– Não importa, o carango é essencial. Elas se amarram.

Logo após falar, o velho “apagou”. Sérgio se levantou, apagou o narguilé e foi embora, pensando: “Cara, o que foi aquilo? Só entendi algo sobre ter um carro. É, Sérgio… você está ferrado”.

 

Vinícios

Vinícius Steffens Pressi – Aluno do Curso Técnico de Eletrônica Fundação Liberato

 

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