Nacionalismo luso-brasileiro

 

Há uma precipitação histórica no passado de nosso país: para que exista um sentimento de patriotismo em uma nação, é necessário que a população tenha um sentimento de unidade e a consciência de que forma um povo, para que essa possa, de fato, se unir. Assim ocorreu na unificação italiana, na alemã e em tantas outras.

No Brasil, a independência foi ditada pela coroa portuguesa, pois essa temia perder sua influência em nosso país. Dessa forma, os habitantes de nosso país formaram uma nação sem serem, de fato, um povo, e sem terem seu passado e suas glórias para se orgulhar. Assim se explica a falta de patriotismo no Brasil.

Nesse contexto, José de Alencar tenta despertar o nacionalismo através da literatura brasileira. Para isso, era necessário que se encontrasse uma figura que possuísse o arquétipo do herói medieval: forte, imponente, belo e vistoso. Além de possuir todas essas características, essa figura deveria ser unanimidade entre nossa população e, devido ao fenômeno histórico anteriormente explicado, isso não ocorria. Então, José de Alencar recorreu, sabiamente, à figura indígena de Peri, para que existisse um herói genuinamente brasileiro.

Criando o nacionalismo no Brasil, não era necessário denegrir a imagem da coroa portuguesa, muito pelo contrário: era possível conciliar o nacionalismo brasileiro ao respeito a Portugal. Assim surge a figura de dom Antônio de Mariz, retratando a coroa portuguesa.

Também era necessário que houvesse o respeito ao catolicismo dentro de nosso nacionalismo e frei Ângelo di Luca simboliza isso. Loredano tem o papel de tornar vilão todo aquele que trai a Igreja.

Isabel, através de um caráter forte e de um enorme sentimentalismo, mostra que a mistura entre indígenas e europeus é possível e interessante.

Percebendo todo esse simbolismo por trás de cada personagem, é fácil compreender o enredo de outra forma: o povo brasileiro, convertendo-se ao catolicismo, combina perfeitamente com a figura europeia; a coroa portuguesa dará até mesmo sua vida para que isso ocorra; e quem trair a fé católica não prosperará. Dessa forma, José de Alencar buscou despertar o nacionalismo brasileiro mantendo aspectos culturais que interessavam à coroa portuguesa.

 

Fotografia de Charles Teilon Viegas Haggemann

Charles Teilon Viegas Haggemann – Aluno do Curso Técnico de Eletrotécnica Fundação Liberato

 

 

 

 

 

 

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