Certa vez, o analista chegou em seu consultório animado, pois, na noite anterior, sua secretária, Lindaura, “rendera-se” ao seu poder e deitara no divã coberta por pelegos.
– Lindaura! – gritava o analista. – Faz um mate amargo e chama o primeiro vivente que vai consultar que hoje eu tô que tô.
Algum tempo depois, Lindaura entrou na sala de consulta com a cuia na mão, e, ao seu lado, entrou um jovem.
– Buenas, vivente! – disse o analista para o jovem.
Sem resposta, o analista exclamou:
– Te senta no pelego, no más.
O garoto se sentou.
– Mas então, não vais a falar? O tempo tá correndo, piá!
– Tudo bem, então. Aí vai: estou com uma dúvida. Faço ou não faço a Prova de Seleção da Fundação Liberato?
– Olha, guri – dizia o analista entre uma golada de chimarrão e uma pausa para encher a cuia – Eu acho que tu tem que fazer o que tu acha melhor pra ti.
– Sim, sei disso, todos falam a mesma coisa. Mas, e se eu fizer, não sei por que curso vou optar.
– Piá, tu faz o que tu quiser, não sei no que tu tem afinidade, mas que tal se tu fizer algo como Eletrônica ou Eletrotécnica, como os jovens de hoje, com toda essa tecnologia e essas coisa de Aipode, Ai-num-pode, Ai-suco, Kissuco…?
– Tenho medo de levar choque.
– Guri, mas tenho outras alternativas. Que tal Química, quem sabe?
– Mas e se eu explodir algo ou, acidentalmente, criar um monstro radioativo?
– Tem Mecânica…
– Não quero sair da aula sujo de graxa.
– Ah, mas tu é fresco, então, vivente! Quer um conselho? Deixa chance pra quem realmente quer fazer, quem sabe tu começa a te ajudar e pesquisa mais sobre os cursos – respondeu indignado.
– Você tem razão, preciso me focar primeiro no estudo e me informar antes da prova. Obrigado, analista.
Saindo da aula, o analista exclamou:
– Lindaura, chama o próximo que hoje eu tô que tô.