Estar à frente da coordenação do maior evento científico da América Latina, que se destina à apresentação de trabalhos realizados por jovens cientistas do Ensino Médio e da Educação Profissional de nível técnico – a MOSTRATEC, não é uma tarefa fácil, mas, com certeza, é gratificante. Para que a 29ª MOSTRATEC aconteça, várias ações são necessárias, e muitas pessoas precisam estar motivadas e envolvidas com o processo. Chegar até aqui é um caminho de muitos “passos”. Para dar conta de recebermos mais de 1000 jovens pesquisadores, professores e milhares de visitantes, é preciso um grupo de servidores, alunos e pais empenhados em fazer da MOSTRATEC um sucesso.
Engana-se quem pensa que a Feira termina no último dia com a cerimônia de premiação. Encerra-se uma edição e a outra já começa a ser preparada. Às vezes, as ações são um contínuo que nem sabemos se estamos terminando uma ou começando a outra. Para dar uma ideia dos Bastidores da MOSTRATEC, quero “mostrar” para vocês, através de um pequeno relato, o que fazemos para receber todos da melhor maneira.
A MOSTRATEC é organizada pelos servidores da Fundação Liberato que compõem as diferentes comissões. Como nem tudo são flores no nosso caminho, precisamos buscar os recursos para viabilizar a presença de todos os estados do país, montar a infraestrutura, garantir os prêmios e prever todas as despesas oriundas do planejamento. Ao mesmo tempo, é necessário fazer a seleção dos trabalhos, compor a banca de avaliadores, organizar os eventos integrados e tudo o mais que irá abrilhantar a Feira.
Enquanto a MOSTRATEC está sendo organizada, reconhecemos que é necessário estarmos presentes em outros eventos científicos; então, nos desdobramos para levar nossos alunos aos mais diferentes locais deste planeta. Com isso, a pesquisa desenvolvida por um grupo de alunos e professores, que tinha tudo para não ser conhecida, acaba ultrapassando a sala de aula, as paredes da escola, as divisas dos municípios, dos estados e as fronteiras dos países.
Quando tudo está pronto, abrimos as portas da MOSTRATEC e recebemos os finalistas de todos os estados do Brasil, os representantes de mais de 20 países e milhares de visitantes, que vêm conhecer, descobrir, discutir e aprender com nossos jovens pesquisadores e seus incansáveis professores, em uma semana bastante movimentada.
Com o fim se aproximando, chegamos ao momento mais esperado: a cerimônia de premiação. Alguns já não se aguentam mais em pé ou acordados “falta pouco – dizemos – daqui poderemos ir para casa, descansar e só pensarmos na MOSTRATEC no próximo ano”. Ao serem divulgados os prêmios, muitas lágrimas, risadas, abraços, tristezas… nem todos são premiados. É o fim de uma proposta; de um projeto e de um trabalho de meses! Engana-se quem pensa assim. A MOSTRATEC é mais um passo e um abrir de portas para novas descobertas. Se pararmos para pensar, vários contatos foram realizados, muitas pessoas falaram sobre as descobertas apresentadas e, ao longo da semana, aprendemos e ensinamos muito mais do que se tivéssemos ficado “dentro das paredes” da sala de aula.
Ao participar da MOSTRATEC, nos deparamos com vários eventos que nos “abrem” os olhos para o que acontece ao nosso redor. Dentre eles, a MOSTRATEC JÚNIOR, que está nos trazendo muitas alegrias. Através das impressões das Coordenadoras da Comissão, deixo com vocês o que aprendemos desde a primeira edição.
“Não há dúvidas, trabalhar educação através da pesquisa é muito gratificante, ver jovens, adolescentes, crianças ainda, preocupados em pesquisar soluções para problemas de sua escola, sua rua, seu bairro ou melhorar questões tecnológicas e ambientais entre tantos outros, nos faz acreditar em um mundo melhor. A MOSTRATEC JÚNIOR começou, pois acreditamos que seria possível estender a nossa experiência com o Ensino Médio para o Ensino Fundamental. A 1ª MOSTRATEC JÚNIOR, realizada em 2011, foi modesta, 12 trabalhos, mas valeu a pena! De um lado, ver a alegria das crianças defendendo suas ideias, explicando seus trabalhos e, de outro, ver o orgulho dos professores com seus alunos. Foi fantástico, maravilhoso e contagiante! Ao final daquela feira, tínhamos uma certeza: a MOSTRATEC JÚNIOR veio para ficar” (Marlene Christel Grams Teixeira).
“Coordenar a 2ª MOSTRATEC JÚNIOR, que totalizou 20 projetos em 2012, foi um grande desafio que aceitei com muito orgulho. A Feira é um estímulo ao desenvolvimento da pesquisa no Ensino Fundamental, pois possibilita a divulgação dos trabalhos realizados pelos alunos e orientados pelos professores, com o apoio da escola. Com certeza, esse é o caminho para o surgimento de novos pesquisadores, pessoas capazes de observar como e por que as coisas acontecem e, a partir daí, resolver problemas, propor soluções ou melhoramentos. Isso foi o que presenciamos na MOSTRATEC JÚNIOR, que tem entre seus objetivos inserir os alunos do Ensino Fundamental no contexto da pesquisa desenvolvido pela MOSTRATEC, assim como aproximá-los da Instituição de Ensino organizadora da Feira, que é a Fundação Liberato” (Vanice Reichert).
“Em 2013, assumi a coordenação da Comissão e a vice-coordenação geral da MOSTRATEC. Com a proposta da MOSTRATEC JÚNIOR, visitamos mais de 15 municípios, fazendo um trabalho de divulgação e início de parcerias. Iniciamos a Feira com a previsão de 48 vagas. Depois de encerrada a seleção dos trabalhos, chegamos à marca de 60 projetos. Além dos municípios gaúchos, recebemos convidados de São Paulo, Argentina e México, que abrilhantaram o nosso evento. Visitar os estandes, ouvir a explicação dos alunos, participar de reuniões e nos maravilharmos com tudo o que estava ao nosso redor, foi apenas uma faceta do que vivemos nesse período. Ao final da Feira, tivemos a certeza de que, lá em 2011, a decisão de abrir espaço para os trabalhos do Ensino Fundamental foi uma decisão acertada. Ainda há muito o que melhorar na MOSTRATEC JÚNIOR, mas tenho a certeza de que estamos no caminho certo” (Ereci Teresinha Vianna Druzzian).
“Consolidada, a MOSTRATEC JÚNIOR na sua quarta edição, inicia com a previsão de 112 trabalhos do Rio Grande do Sul, do Brasil e do Exterior. Como coordenadora neste ano, acredito que a escola possa ser um agente de transformação social. Não somos responsáveis pela vida de cada aluno, mas podemos contribuir de forma positiva e fazer diferença no momento em que acreditamos no potencial de cada um. Dentro desse contexto, coordenar a MOSTRATEC JÚNIOR é criar situações concretas dentro das instituições escolares para tentar superar as barreiras entre a teoria e a prática, motivar professores e alunos a utilizarem a metodologia de pesquisa como forma de pensar os problemas de cada comunidade, estimular crianças e adolescentes a serem pequenos “perguntadores” dentro de suas escolas e, com isso, desafiá-los a construírem saberes significativos, envolvendo a comunidade escolar como um todo, naquilo que é sua função primordial: a transmissão de conhecimento. Cada feira que visitamos tem uma identidade, um saber e um sabor diferente. Cada aluno te olha com vontade de aprender mais, com orgulho de te “explicar” o trabalho. Cada professor demonstra o desejo de se aprimorar, de aprender junto com seu aluno e, com isso, ressignificar a sua prática. Minha expectativa para a MOSTRATEC JÚNIOR de 2014 é que ela não seja só um espaço onde trabalhos de pesquisa serão expostos, mas, sim, que ela seja um pulmão de renovação desta relação, por vezes tão desgastada, entre ensino e aprendizagem, que ela revele talentos e, acima de tudo, que ela proporcione prazer a esses pequenos cientistas. Que eles sejam “mordidos” pelo vício de perguntar sempre o porquê das coisas. Que eles sejam, sim, pequenos no tamanho, mas grandes em saberes. Assumimos o risco de organizar um evento deste porte e, dentro deste contexto, assumimos a responsabilidade de tornar a MOSTRATEC JÚNIOR uma referência positiva dentro e fora de nosso país. Mais do que isso, assumimos o sonho de ver o ensino pela pesquisa ser o diferencial em nossa Educação hoje” (Paula Vitória Pires).
Chega o momento de voltar para casa, refletir e decidir os rumos que queremos para a pesquisa. Esperamos que alunos e professores voltem para seus lugares prontos para enfrentar novos desafios e insatisfeitos com os resultados, pois isso fará com que busquem as respostas não encontradas e que o projeto inicial não tenha fim, apenas novos recomeços. Tentando dar uma resposta para o questionamento inicial, sei onde tudo começa: na curiosidade do aluno; na busca por respostas; na disponibilidade do professor; na inconformidade de ambos e em vários outros elementos. Só não sei responder onde tudo termina. Acredito que, se quisermos, a busca pode ser infinita. Ao termos a resposta para uma pergunta, com certeza, várias outras já se instalaram em nossas mentes e, então, o desafio é seguir buscando, com a certeza de que as respostas estarão ao nosso alcance.