“Preciso ler de novo. Será que eu entendi direito?”
O dilema da interpretação de textos.
Diante de uma prova, teste ou exercício, é bastante comum ouvir os alunos dizendo que não entenderam o objetivo de uma questão proposta. E isso ocorre em qualquer disciplina: Língua Portuguesa, Matemática, Física, Biologia…
Quando a dúvida acontece, insisto (digamos que eu insisto muito) para que os alunos leiam a questão novamente, com calma. Depois da segunda ou terceira vez que a questão foi lida (talvez quarta), as frases mudam, com frequência para “Agora que eu sei o que tem que fazer é fácil!”, ou ainda “Ahh… é só isso que tem que fazer? Parecia tão difícil”.
Conversando com colegas (professores de Física e de outras disciplinas), escuto relatos similares: “precisei repetir diversas vezes até que os alunos entendessem”, “os alunos leram as instruções e mesmo assim perguntaram várias vezes o que era para ser feito”.
Em seminários e reuniões de pais realizados na Fundação Liberato, a importância da leitura e da interpretação de textos é um assunto recorrente. Ainda assim, muitos alunos e pais levam um certo tempo para perceber que existe uma relação bastante estreita entre a interpretação de textos que ocorre nas aulas de Língua Portuguesa e sua aplicação nas demais disciplinas. Talvez porque essa relação, ainda que seja estreita, não é explícita.
O exemplo mais frequente é o do aluno que não consegue interpretar o objetivo de uma questão ou tarefa proposta. E é necessário que se leia e interprete adequadamente tanto textos escritos, como também imagens, gráficos, esquemas e equações. Se houver êxito nesta parte (além do domínio das ferramentas adequadas), consequentemente haverá sucesso na modelagem matemática de um problema, fenômeno físico, projeto de ferramenta, dimensionamento de componentes, concentração de uma mistura, código-fonte de um aplicativo, etc.
Porém de nada adianta dominar toda a técnica se ainda pairam dúvidas acerca da meta a ser alcançada, ou seja, se o aluno não entendeu o que leu. Duas estratégias que utilizo em aula são extremamente simples: uma delas é pedir aos alunos para que leiam de novo, silenciosamente. A outra é pedir para que leiam PAU-SA-DA-MEN-TE.
Digo a eles que ler mais de uma vez não é demérito e ler devagar não é perda de tempo. Aliás, funciona! E tento, sempre que possível, exercitar essas duas práticas comigo. Afinal, também fazemos parte deste mundo estressado, ansioso, exigente e impaciente. Será que nós também entendemos o que deve ser feito? Se não, que tal ler de novo?